sábado, 17 de março de 2012

Curso de Terapia por Contingências de Reforçamento em Salvador-BA

O Instituto Transformação, em Salvador, irá promover o segundo curso de Terapia por Contingências de Reforçamento, com o prof. Hélio Guilhardi. O trabalho do Hélio todo mundo conhece, e é uma ótima oportunidade de vê-lo em ação, falando da clínica que é a sua especialidade. As meninas do Instituto também são ótimas e dão a maior atenção a todo mundo. Recomendo o trabalho delas e também esse curso em especial.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os últimos dias de B. F. Skinner

Skinner morreu em 1990, tendo sucumbido à leucemia com que fora diagnosticado um ano antes. Até o dia da sua morte, no entanto, ele não descansou na construção e defesa da teoria que criou, do mesmo jeito combativo e polêmico que caracterizou sua trajetória. Num artigo publicado em outubro de 1990 no Journal of Applied Behavior Analysis (JABA), sua filha, Julie S. Vargas – que também se dedicou à análise do comportamento e hoje controla a fundação que leva o nome do pai –, os últimos dias de Skinner são descritos de maneira tocante. Aqui vai a tradução do artigo, vale a pena ler.

Meu pai sempre falou com admiração da morte do seu avô. “Ele morreu na ativa1”, ele dizia, aprovando. Algumas vezes adicionava: “É desse jeito que eu quero ir”. Bem, ele chegou perto.

Nos últimos meses meu pai continuou no padrão da sua “aposentadoria”: cedo estava de pé para escrever, café-da-manhã, uma caminhada, compromissos com visitantes e correspondência até o almoço. Às tardes ele geralmente relaxava com música e leitura leve, ficando em forma para a próxima manhã de trabalho. Até sua morte, a correspondência nunca diminuiu. Inevitavelmente, entre as cartas de colegas profissionais, ele recebia algumas cartas de estudantes no colégio pedindo-lhe para explicar o seu trabalho. Cartas para gente famosa nem sempre são bem informadas. O senador Kennedy costumava contar sobre ter recebido uma carta que dizia: “Escolhi você como meu senador favorito. Você pode me dizer por quê?”. As cartas para meu pai dificilmente eram melhores. Não obstante, ele respondia todas, sugerindo polidamente que se eles procurassem em suas bibliotecas poderiam encontrar um livro chamado Walden II ou Ciência e Comportamento Humano que responderia a suas perguntas.

Oito dias antes de sua morte, como os leitores desta revista provavelmente sabem, meu pai recebeu, da Associação Americana de Psicologia (APA), a primeira Menção Honrosa da APA pela Notável Contribuição à Psicologia durante sua vida. Os oficiais da associação asseguraram à família que manteriam meu pai afastado de multidões – o que era importante por causa do aumentada susceptibilidade dele à infecção pela leucemia – e mantiveram a palavra. À 1h do dia 10 de agosto, uma limusine foi à casa dos Skinner para levar nosso grupo ao hotel de convenções. Ali nós fomos recebidos e levados andares acima em nosso próprio elevador para um quarto do hotel, “como estrelas de cinema”, como meu pai comentou. Poucos minutos antes da sessão de abertura começar, fomos levados novamente ao térreo e pegamos um caminho pelos fundos para a porta lateral do auditório. Eu estava segurando o braço do meu pai quando entramos. A sala estava lotada. Uma segunda sala ao lado havia sido aberta e ela também estava transbordando. Quando demos dois passos para dentro da sala, todos ficaram de pé e começaram a aplaudir. Meu pai fez um aceno desajeitado de cabeça em cumprimento enquanto continuava andando – posso dizer que ele não esperava tal recepção. Os aplausos eram estrondosos. Eles continuaram enquanto nos encaminhávamos ao pé dos degraus no meio do palco. Eles continuaram enquanto meu pai subia os degraus. Continuaram, sem diminuir, enquanto meu pai era escoltado pelo palco até sua cadeira. Ele se voltou e curvou a cabeça amavelmente, mas não houve sinal de redução dos aplausos. Após 50 minutos preliminares, foi o momento de meu pai receber o prêmio.

Skinner em sua última palestra, no prêmio da APA (daqui)