tag:blogger.com,1999:blog-80838537185459027622024-03-12T21:37:38.859-03:00behaviorist lady"fuck this shit, i'm a radical behaviorist lady!"Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.comBlogger64125tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-63842092694405263532019-01-17T08:45:00.001-03:002019-01-17T08:45:26.553-03:00É hora de trocar de cascaMigrei para o <a href="https://medium.com/@alinegcouto" target="_blank">Medium</a>, pessoal. Gosto muito das ferramentas do Blogger, mas parece que ninguém mais liga, né?<br />
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Como podem perceber pelo abandono do blog, logo logo ele será excluído. Pretendo republicar alguns dos textos daqui por lá. :)<br />
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<a href="https://media.giphy.com/media/Ljyogj1NtR6FO/giphy.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="500" height="240" src="https://media.giphy.com/media/Ljyogj1NtR6FO/giphy.gif" width="400" /></a></div>
<br />Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-127929902139672222016-06-03T19:47:00.002-03:002016-06-25T11:45:43.092-03:00Chega aí, chega aí<div style="text-align: justify;">
De uns dias pra cá muitas feministas têm me adicionado em redes sociais - a maioria, aparentemente, mais jovens que eu. Tenho visto tantas outras se engajarem no movimento. </div>
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<br /></div>
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Eu tenho só 26 anos. Vivi algumas experiências que me enriqueceram, não vivi muitas outras. Se eu tivesse de resumir o que posso dizer sobre feminismo, baseado nessas poucas experiências de vida, eu diria:</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7YI3qgX3g2G1HV5K2Bqwc2gN7_t0KlG_HWp3_fSr3skP35p9bePW7FtM1e9WBPxnSQPLx2vyf-A8wAImaXZEnsArLGW1F3p2IArd8qcEgzEtd5IO4JsVFhnR7kJ7AOf8EXTx_TjLkN9s/s1600/oimiga.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7YI3qgX3g2G1HV5K2Bqwc2gN7_t0KlG_HWp3_fSr3skP35p9bePW7FtM1e9WBPxnSQPLx2vyf-A8wAImaXZEnsArLGW1F3p2IArd8qcEgzEtd5IO4JsVFhnR7kJ7AOf8EXTx_TjLkN9s/s320/oimiga.jpg" width="320" /></a></div>
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<br /></div>
<ul>
<li style="text-align: justify;">Não aprenda sobre feminismo só lendo no Facebook textos de feministas como eu. Questione (inclusive este texto, pois sim me contradigo!)</li>
<li style="text-align: justify;">Quando tiver uma dúvida sobre o movimento, pesquise, leia, procure saber de mais de uma fonte. Leia coisas de feministas proeminentes diferentes, abordagens diferentes, vertentes diferentes. Mas que sejam de <b>FEMINISTAS</b>. Mulheres que assim se posicionem, não blog de hominho que acha que pode falar sobre o que quiser.</li>
<li style="text-align: justify;">Não ceda à tentação de chamar feministas famosas na internet de "divas", transformá-las em ícones, ídolos que viram estampa de camisa, declarar seu amor a elas, fazer memes ~lacradores~ com imagens e frases delas. A cultura de ídolos nos afasta de nossas falhas, transforma pessoas comuns em semideusas. E todas falhamos, e não é pouco.</li>
<li><div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY-yIdMLSPLIUMR6h-m2hZ9iveKjQTfNXRxCg2wTVII_76waN0T95_QngFaxAV7djt4sw_b0m3zLkabkmQOEevxgV-3biC8K0CFMGIJkAJubGl8rNf955mhclqEBDc42wvtPTwoDvbgJPV/s1600/adventure_time_girls_2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY-yIdMLSPLIUMR6h-m2hZ9iveKjQTfNXRxCg2wTVII_76waN0T95_QngFaxAV7djt4sw_b0m3zLkabkmQOEevxgV-3biC8K0CFMGIJkAJubGl8rNf955mhclqEBDc42wvtPTwoDvbgJPV/s200/adventure_time_girls_2.jpg" width="200" /></a>Converse com mulheres. Não se sinta obrigada a amá-las nem a virar melhor amiga, mas as escute. escute experiências diferentes e opiniões diferentes da sua, especialmente daquelas que acham o feminismo coisa de outro mundo, mas não se agrida no processo. Faça o que você pode. Não ache que é responsabilidade sua converter ninguém ou mudar a cabeça de ninguém - não é. Você pode contribuir, mas não adianta queimar demais o juízo. Forneça a contingência e o resto anda sozinho. Só converse. De igual pra igual, pois é o que temos.</div>
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</div>
</li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
Pretendo editar esse post qualquer dia. Riscar o que não cabe mais, acrescentar o que for. Aprendo todos os dias e pretendo continuar aprendendo.</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-51010668263600501912016-04-06T11:30:00.002-03:002016-04-06T11:30:26.508-03:00Tarados e denúncias, homens e mulheres e comportamento verbal<div style="text-align: justify;">
Compartilhei a <a href="http://www.correio24horas.com.br/single-entretenimento/noticia/jovem-desabafa-que-homem-ejaculou-em-sua-saia-dentro-de-onibus-e-post-viraliza/" target="_blank">denúncia de uma moça aqui de Curitiba</a> de que um cara havia ejaculado nela no biarticulado. Quem conhece sabe que é um busão que vive cheio e que tem muita gente jovem que pega porque ele passa pelos campus centrais das faculdades aqui. A foto era bastante gráfica e aparentemente ela acabou apagando a denúncia, que gerou comentários e mais comentários de apoio e dúvida do relato, mas vou dar meus dois centavos. Quem me acompanha sabe que eu não tenho lá muito saco pra isso porque as consequências são nada reforçadoras pra mim, mas dessa vez pedidos específicos de amigas foram estímulo pra isso aqui (<a href="https://metamorfosepensante.wordpress.com/" target="_blank">Marcela</a>, sua linda).</div>
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<br /></div>
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Se é verdade ou não é verdade o caso compartilhado é outra questão. Eu, pessoalmente, não duvido por um segundo. O fato é que não é um caso isolado. A prática masculina de se masturbar com fricção em mulher no transporte público é tão conhecida que tem nome e caracterização no DSM e na CID: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Frotteurismo" target="_blank">frotteurismo</a>, uma parafilia sexual. Curiosamente é uma dessas "doenças mentais" de fundo sexual que praticamente só dá em homem. Em qualquer site pornô que vocês entrem tem vídeos e mais vídeos - "profissionais" e "amadores", cuja diferença na minha opinião está unicamente no tipo de olhar masculino, mas isso é outra questão - dedicados à prática. Os japoneses são conhecidos por ter "fetiche" com isso, tem até <i>hentai</i>. No Brasil, vira e mexe acontecem casos. Consistentemente nos últimos tempos, o metrô de SP recebeu denúncias do tipo e lançou uma campanha contra a prática, que continua muito controversa <a href="http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151015_campanha_abuso_metro_rm" target="_blank">tanto quanto à sua execução quanto à efetividade dela</a>.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBVFLQfXZHvlVEirDkLIgupgc4F7IJtRdcIjj1Gtspowgo_1O1itgjm1XtZLTDq26tNOG6lX_Oeh-UbQqpVwySPSbZZHNOi0DQiyr_yOEfLknZ7NV_nWcnNAWhOClBV6ujShMPWtUAMbvY/s1600/men.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="312" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBVFLQfXZHvlVEirDkLIgupgc4F7IJtRdcIjj1Gtspowgo_1O1itgjm1XtZLTDq26tNOG6lX_Oeh-UbQqpVwySPSbZZHNOi0DQiyr_yOEfLknZ7NV_nWcnNAWhOClBV6ujShMPWtUAMbvY/s320/men.png" width="320" /></a></div>
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Falar sobre a prática é só uma introdução pra eu falar sobre a questão das denúncias. Quando compartilhei a imagem, houve muitas manifestações masculinas, na postagem, no inbox. O comportamento masculino de se enojar com a situação pode, sim, ser legítimo. Mas não é suficiente, por dois motivos: 1) dizer que se enoja numa postagem de Facebook é unicamente comportamento verbal controlado por contingências específicas operando ali, que não necessariamente controlam a mesma classe de resposta na situação em questão; 2) dizer que se enoja objetivamente não faz diferença alguma no combate ao problema, justamente porque os controles do comportamento são bem diferentes nas duas situações.</div>
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<i>"Mas eu tive nojo. E eu tento não ser machista. Não posso dizer isso?"</i></div>
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<br /></div>
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Pode. Mas dizer que não é machista e que a situação é aviltante objetivamente fará diferença no restante do seu comportamento? Conhecendo a série de contingências que opera reforçando uma série de comportamentos machistas e punindo os "não-machistas", a resposta pra mim é: DUVIDO.</div>
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<i><br /></i></div>
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<i>"Mas eu não falei porque queria confete. Eu só descrevi o que senti."</i> [No jargão: tateei algo, não era um mando.]</div>
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<br /></div>
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Daora. Mas "querer" não faz diferença em ter o dito comportamento reforçado ou não. O rato não tem a resposta reforçada porque "quer" a água que veio com a pressão da barra. Ele simplesmente aperta e o apertar é reforçado. Em tempos de redes sociais as pessoas estão cada vez mais LOUCAS DO CU por likes, duvido que todo mundo tenha consciência de que faz o que faz porque "quer likes". Consciência das contingências que operam sobre nós é outra história.</div>
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<b>TL;DR</b>: me lembro de uma máxima do <a href="http://www.itcrcampinas.com.br/" target="_blank">Hélio Guilhardi</a> que ouvi mais de uma vez. "Não acredite em comportamento verbal".</div>
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<br /></div>
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Nós mulheres sabemos o quanto isso dói em nós e o quanto isso é real. Os homens mal começaram a aprender.</div>
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<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>[Texto publicado originalmente no meu <a href="https://www.facebook.com/alinegcouto" target="_blank">Facebook</a>]</i></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-87076888041362530372015-09-12T11:24:00.001-03:002015-09-12T11:29:47.669-03:00Agora tem! Coletivo Marias & Amélias de Mulheres Analistas do Comportamento<div style="text-align: justify;">
Passando pra avisar que, finalmente, saiu. Eu e umas minas muito fmz fundamos um coletivo de mulheres analistas do comportamento. O <b>Coletivo Marias & Amélias</b> é uma iniciativa que busca reunir as analistas do comportamento interessadas em estudar, pesquisar e discutir as perspectivas feminista e behaviorista radical lado a lado.</div>
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<br /></div>
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Temos percebido que o interesse nas duas coisas na nossa comunidade é crescente e que várias minas pelo país estudam o tema, trabalham com mulheres de uma perspectiva analítico-comportamental ou simplesmente perceberam que as coisas têm a ver, mas não havia um espaço de organização política para unir forças em torno da coisa e para que pudéssemos, ao menos, trocar experiências.</div>
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<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2OPAEHYmbuE9QAaxvkB4-iuII5MVU1YAzI9f3tKNIf6RcGtMlIV9Ya_KIemKpSJK4ReuoVH5LvsjwcYu-quaixp9BpFXpSn4mqUcMTD3fxFWxSx8zzSPdGrE0H8JkhNt2TXsZinnv527i/s1600/Untitled+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2OPAEHYmbuE9QAaxvkB4-iuII5MVU1YAzI9f3tKNIf6RcGtMlIV9Ya_KIemKpSJK4ReuoVH5LvsjwcYu-quaixp9BpFXpSn4mqUcMTD3fxFWxSx8zzSPdGrE0H8JkhNt2TXsZinnv527i/s400/Untitled+1.jpg" width="400" /></a></div>
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<br /></div>
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Como toda organização, temos nossos limites. Por reunir mulheres do país inteiro, é complicado ter ações que rolem num mesmo espaço físico, então, recorremos à internet. Isso complica de juntar todo mundo, mas estamos pensando em nos organizar em torno das ações menores em grupos de trabalho e articular como for possível.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Também seguimos o feminismo radical como vertente teórica. Para algumas, isso é uma dificuldade ou mesmo uma visão tacanha, para outras, quase um oásis já que coletivos feministas radicais não são tantos assim. Me abstenho de entrar nas tretas acerca dessa escolha, mas queria destacar que é a vertente teórica com que as fundadoras se identificaram em maior ou menor grau e que julgam ser uma boa ferramenta para pensar comportamentalmente.</div>
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<br /></div>
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O nome é em homenagem à Maria Amélia Matos, uma das behavioristas radicais brasileiras mais conhecidas e notável por sempre ter divulgado e sido combativa acerca da sua abordagem. Podíamos ter homenageado tantas outras, como Carolina Bori, Tereza Sério, Rachel Kerbauy... mas escolhemos a Maria Amélia para representar tantas outras Marias e Amélias de nós.</div>
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<br /></div>
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Se quiser acompanhar, <a href="https://www.facebook.com/MariasAmelias" target="_blank">clica aqui e confere a nossa fanpage</a>. Já publicamos nossa carta de princípios, os critérios de participação e vem muito mais por aí!</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-80285756511681582542015-08-11T10:18:00.005-03:002015-08-11T10:23:07.845-03:00Sobre as vertentes do feminismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVAqgVi7zGYfXOWWNZC3G0nsNRW8489Tgd7UN4EOLGdNN2KJtOuny7i15RE2xIqzSsUZje_iK3SwDz2BAr5F0guqlY3Nreif3DAYkOQeoT1a7uT_lk0CRzxrlBYpa38VIW9Ln0PXING9uV/s1600/wecandoit_inter.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVAqgVi7zGYfXOWWNZC3G0nsNRW8489Tgd7UN4EOLGdNN2KJtOuny7i15RE2xIqzSsUZje_iK3SwDz2BAr5F0guqlY3Nreif3DAYkOQeoT1a7uT_lk0CRzxrlBYpa38VIW9Ln0PXING9uV/s200/wecandoit_inter.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Um parágrafo para resumir o "nossa, mas por que vocês feministas brigam tanto?" e "ué, mas feminista não é só aquela a favor de direitos iguais?", no livro Dicionário Crítico do Feminismo (Hirata et. al., 2009).</div>
<br />
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Do verbete "Movimentos Feministas", de Dominique Fougeyrollas-Schwebel:</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
"Três correntes no seio do movimento se opõem quanto à definição da opressão das mulheres e suas estratégias políticas: feminismo radical, socialista e liberal. Segundo abordagens mais detalhadas, ocorrem distinções entre feministas marxistas ou socialistas, libertárias, radicais, lésbicas, materialistas ou essencialistas. A oposição politicamente mais frontal recai sobre as feministas liberais, de um lado, e feministas radicais e socialistas, de outro. Por 'corrente liberal', devem-se entender os movimentos fundados na promoção dos valores individuais; com a luta pela total igualdade entre mulheres e homens, pode-se falar de um feminismo reformista que conta, por meio de políticas de ação positiva, com a prioridade dada às mulheres para reduzir as desigualdades. Ao contrário, os movimentos de liberação das mulheres querem romper com as estratégias de promoção das mulheres em proveito de uma transformação radical das estruturas sociais existentes. Esse movimento será marcado por oposições quanto às estratégias prioritárias entre aquilo que se denomina na França de feministas socialistas ou tendência da luta de classes, que afirmam que a verdadeira liberação das mulheres só poderá advir de um contexto de transformação global, e as feministas radicais, que sublinham que as lutas são conduzidas, antes de tudo, contra o sistema patriarcal e as formas diretas e indiretas do poder falocrático (Picq, 1993). No âmbito do próprio movimento radical, os grupos de lésbicas advogam a necessidade de um separatismo radical para lutar contra toda obrigação à heterossexualidade (Clef, 1989)".</blockquote>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-45766592370246400212015-08-10T12:39:00.002-03:002016-04-06T22:04:54.645-03:00Por uma defesa da raiva<div style="text-align: justify;">
Li na última semana um texto (mais um dentre tantos) que falava da agressividade tão constante dos espaços feministas. No caso do texto, era discutida a agressividade contra os homens que tentavam se aproximar do movimento, com o conhecido argumento de que a revolução na sociedade também passará por desconstruir o machismo nos homens e que devemos aproximá-los se quisermos fazer isso, não apartá-los. Também já vi várias vezes mulheres falando de como deveríamos ser menos agressivas entre nós ao defender os aspectos específicos de cada alinhamento feminista, em vez de acusar, discutir e rachar umas com as outras. Não vou linkar o texto citado aqui porque acho que não vem ao caso, até porque, se você procurar, vai achar um bom punhado de textos sobre o assunto, com os mais variados argumentos: homens são aliados, não protagonistas, então devemos educar e manter nossos espaços; ai, mas eu não odeio homem, imagina; essa agressividade toda só divide o movimento, cadê sororidade; etc. (Comecei por ele por ter sido um texto disparador, mas na verdade faz tempo que penso em escrever sobre isso; não tenho interesse em fazer guerrinhas de ego nem apontar o dedo para mulher nenhuma, até porque não sou ninguém na fila do pão do feminismo internético brasileiro e espero de verdade que continue assim).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu mesma já concordei bastante com esses argumentos. Como psicóloga e analista do comportamento, tendia a levar a discussão para o lado individual, pensando em tudo que os autores da área falam sobre punição. Os maiores críticos do uso da punição para ensinar alguém talvez tenham sido o próprio Skinner, fundador da abordagem, e o Murray Sidman, seguidor direto do primeiro quanto a esse assunto. Muito basicamente, o que se fala sobre punição é: 1. não é efetiva, dado que uma pessoa punida ao fazer algo só aprende a não fazê-lo, mas não aprende nada melhor no lugar e, mais ainda, aprende a deixar de fazer apenas na presença de quem/o que o puniu, o que chamamos de <i>contracontrole</i>; 2. frequentemente gera produtos indesejáveis, como sentimentos de raiva, culpa, ansiedade, etc. na pessoa punida<a href="file:///C:/Users/Aline/Desktop/Uma%20defesa%20da%20raiva.docx#_edn1">[i]</a>. Ou seja, punição não ajuda e ainda atrapalha. No exemplo citado, além de só fazer com que o cara vá falar mal do feminismo pelas costas das feministas, ainda vai deixar ele com raiva em vez de se interessar por aprender de verdade alguma coisa.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC2GOI-1iJimgRSqzm5rNI3Q4EWaEZ1f4JGPnnRaIjw8BJC-6y002Ph2itw_PBMLpt420v1s4-XSHpsCpl-8N_i9F6n-V4vsq7F3zfsButdZTaWNEIKttBafzJ5t_IzVQhtgYkrcve-ClE/s1600/mad.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC2GOI-1iJimgRSqzm5rNI3Q4EWaEZ1f4JGPnnRaIjw8BJC-6y002Ph2itw_PBMLpt420v1s4-XSHpsCpl-8N_i9F6n-V4vsq7F3zfsButdZTaWNEIKttBafzJ5t_IzVQhtgYkrcve-ClE/s320/mad.jpg" width="244" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas de uns tempos pra cá eu comecei a ficar bastante cética sobre o assunto. Primeiro que a punição, ao contrário do que a maioria dos analistas do comportamento costuma acreditar, não é o diabo feio que se pinta. Infelizmente, nosso meio é coercitivo<a href="file:///C:/Users/Aline/Desktop/Uma%20defesa%20da%20raiva.docx#_edn2">[ii]</a>. A coerção é uma realidade em qualquer ambiente. Frequentemente fazemos coisas que não queremos fazer, tomamos bordoadas que não imaginávamos tomar e o clima de tabu em se falar de métodos punitivos é bem ruim para uma abordagem que se diz científica. Segundo que os conceitos de punição e coerção vêm sendo já bastante discutidos. Carvalho Neto & Mayer (2011) apontam que Skinner, em diferentes momentos da sua obra, tratou reforçamento e punição como assimétricos e como se reforçar em vez de punir fosse sempre melhor, mas que não é bem assim – o reforçamento também acarreta subprodutos a que pouco atentamos, mas que o próprio Skinner até menciona em alguns momentos discutindo questões sociais, como a baixa resistência à frustração que pode causar (ver Skinner, 1987). Enfim, tem um milhão de questões conceituais que não vale a pena escarafunchar aqui nesse texto, mas é bom prestarmos mais atenção no que falamos sobre punição.</div>
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<br /></div>
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Para além dessas nerdices de behaviorista radical, comecei a me questionar sobre a propaganda que fazemos de tratar as pessoas sempre bem e sermos todas amigas e vamos dar as mãos e ser felizes dentro do feminismo. As primeiras a colocar o dedo na nossa cara com razão foram as feministas negras. O feminismo, enquanto movimento com esse nome e com uma série de preceitos específicos, sempre foi elitista e voltado para as questões de mulheres brancas e burguesas. Uma dessas mulheres sou eu. Eu me senti confortável no feminismo assim que percebi que minhas questões com a mulheridade são contempladas no seio do movimento. Eu posso sentar, ler, discutir e me sinto representada pela maioria dos tópicos que são discutidos. No entanto, nem todas são. Frequentemente existem casos de racismo dentro de grupos feministas e quando as mulheres negras vão apontar, são cobradas com os argumentos que citei acima. “Ah, mas vocês estão sendo agressivas”. “Ah, mas vocês estão dividindo o movimento”. “Ah, mas EU não achei isso que você está dizendo racista”. “Ah, mas EU não sou racista, tenho amigas negras”. “Ai, não precisa ser grossa comigo, cadê a sua sororidade”. <i>And so on, and so on</i>.</div>
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<br /></div>
<div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
"O movimento feminista participa dos movimentos antiautoritários (...) Pertencer ao movimento representa a realização de uma nova ideologia, a pesquisa de sentido e de valores comuns. A essa nova ideologia denominou-se "sororidade": <i>sisterhood is powerful </i>(a sororidade é poderosa). Mas as questões de identidade racial ou nacional dividem o movimento, e a solidariedade comum das mulheres é rapidamente questionada pela suspeita da ignorância dos problemas próprios de cada grupo identitário, pelo temor da criação das novas formas de dominação entre homossexuais e heterossexuais, entre burguesas e proletárias, entre as mães e aquelas que não o são, entre as mulheres brancas e as mulheres negras (...)". (Fougeyrollas-Schwebel, 2009, p. 146).</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Acontece que o movimento <b>já é dividido</b>, e não foram as feministas negras que o fizeram. Temos, como mulheres, coisas em comum, mas coisas que nos dividem porque assim a sociedade nos dividiu. Questões de classe, raça, orientação sexual e muitas outras devem ser incansavelmente discutidas e, queiramos ou não, às vezes vão doer nos nossos calos. Feminismo é ética e política, não é terapia de grupo, não é piquenique, não é exercício hippie de meditação, não é chá com biscoitos com as amigas. É uma desconstrução dolorosa diária – falando como behaviorista radical, um desvelamento de controles invisíveis a que nossos comportamentos estão submetidos sem que nem tenhamos nos dado conta, apesar de termos passado a vida sob eles. Infelizmente, dói e às vezes nos sentiremos pessoalmente atacadas, ou pessoas próximas de nós serão atacadas. Isso porque estou falando do meu lugar, que é o de feminista branca e acadêmica de classe média. Não posso sequer imaginar o que é ser negra e chegar num espaço que deveria me acolher para ver ser celebrado o mesmo racismo que sofreria do lado de fora – e, ao reclamar, ainda ter o estereótipo de <i><a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Angry_Black_Woman" target="_blank">angry black woman</a></i> esfregado no meio da minha cara. (Não quero me delongar sobre isso aqui por receio de <i><a href="http://blogueirasfeministas.com/2012/10/glee-formula-nova-velhos-preconceitos/" target="_blank">tokenizar</a> </i>a experiência alheia, mas quem sabe pela via da empatia as pessoas já reflitam sobre alguma coisa. E, pra quem quiser entender melhor isso sendo branca, tem mil textos de feministas negras a serem lidos, todos aí voando livres e disponíveis pela internet).</div>
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<br /></div>
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Continuando com o ceticismo, ainda tem o fato de que as aclamadas vantagens da pedagogia pacifista talvez não sejam tão grandes assim. Quantas de nós já se armaram de todo o reforçamento positivo da vida para explicar pacientemente por que um comportamento machista é machista para uma pessoa, para depois só ganhar um dar de ombros e um “essa é a minha opinião”? A desconstrução do patriarcado vai muito além de uma ação individual da ativista feminista. Não adianta pensar que é a nossa mágica racional explicativa que vai fazer alguém se interessar pelo tema. Pode fazer, ou pode não fazer. Além do mais, nenhuma de nós é obrigada a passar a mão na cabeça de ninguém – de novo, a internet tá aí cheia de textos pra quem quer se informar e eu não preciso pegar na mão de boy nenhum pra ser professorinha de feminismo e levar ele pelo maravilhoso mundo dos textos da Beauvoir. Assim como eu já reproduzi machismo e aprendi umas coisas mesmo tendo apanhado muito antes, as outras pessoas podem também. E, venhamos e convenhamos, esse não é nosso papel. O feminismo é um movimento a serviço das mulheres e é com elas que temos de nos importar.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7y9xnkDMHvkQj06FR5INVf-LvkGctSRGC6WkQzuAaPpB5EkbZdXvAU5lWfc2O99k053p_pFUyquCRmOo-m5RfI_qeMXDfNHrvQ0X0nWBb7CXOa3Xv43f_N4OvZ5I49VMpSJXx6r_6GvIH/s1600/ddf_perfectwoman.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7y9xnkDMHvkQj06FR5INVf-LvkGctSRGC6WkQzuAaPpB5EkbZdXvAU5lWfc2O99k053p_pFUyquCRmOo-m5RfI_qeMXDfNHrvQ0X0nWBb7CXOa3Xv43f_N4OvZ5I49VMpSJXx6r_6GvIH/s320/ddf_perfectwoman.jpg" width="237" /></a></div>
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Voltando à história da defesa da raiva: uma outra coisa muito nociva desse discurso de que feminista é raivosa é que alimenta estereótipos. Nós, mulheres, somos criadas pra achar que agressividade é coisa de homem. Homem pode gritar assistindo futebol, chutar aquele cone que entrou na frente do carro quando ele estava fazendo a baliza, falar alto enquanto coça o saco. Mulher, não. Mulher tem de ser paciente, abnegada, fofa, sorridente, explicar tudo com paciência e padecer no paraíso. <strike>Meu cu</strike>. Olha, não é nada disso. E, mesmo depois de se enfiar até o pescoço no feminismo, a gente continua com esses velhos hábitos. Sentimos culpa quando discutimos com alguém pelo que achamos certo, quando causamos aquele climão maneiro no almoço de domingo e quando somos chamadas de loucas pelo namorado. Sentimos que somos nós que estamos fazendo algo errado. Ora, acontece que a nós é dada uma pecha mais pesada de carregar. Sabe-se que mulheres que agem da mesma forma que homens são tidas como “mandonas”, “grosseiras”, “chefonas” enquanto o homem é o “assertivo” – inclusive tem experimentos que trazem evidências sobre como isso acontece (ver Ruiz, 2003). Ou seja, além de não podermos ser agressivas quando homens numa mesma situação o são, ainda somos vistas sob lentes diferentes.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSj4qhQtwpv8IoBk5KD7l0Czw_HrnhOyjgvZy6i1gC_7xKBL_zaagrDHtYELZhwe6_5d8umR_TAHkh8Pex0kcSozpH9AhcELnUcW07Uia8tgfebH4py0gyHWwXys3XEbcQMuN5Ud2d7NZj/s1600/dariaemotion-1427319852.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="142" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSj4qhQtwpv8IoBk5KD7l0Czw_HrnhOyjgvZy6i1gC_7xKBL_zaagrDHtYELZhwe6_5d8umR_TAHkh8Pex0kcSozpH9AhcELnUcW07Uia8tgfebH4py0gyHWwXys3XEbcQMuN5Ud2d7NZj/s200/dariaemotion-1427319852.gif" width="200" /></a>E, por mais que eu não queira viver pedindo desculpas pela minha raiva, vou fazer um <i>mea culpa</i>. É claro que eu não estou falando de sairmos com uma gangue de mulher tacando fogo nos homi tudo. É claro que não estou falando de sairmos cada uma com uma tesoura de jardineiro na cintura, cortando o pinto do primeiro que falar merda. Sim, às vezes a agressividade é só agressividade – e merece atenção quando a vemos como a única forma de fazer as coisas ou de nos expressar, quando só somos agressivas porque não sabemos ser de outra forma. Às vezes, não serve de nada e ainda atrapalha, mesmo. Mas nem Gandhi fez uma marcha do sal toda vez que os britânicos faziam bosta, nem Jesus deixou de ser um cara legal porque saiu virando umas mesas no templo. Às vezes ser agressiva é legítimo. É, mais ainda, necessário. Nem tudo nos será dado com flores e um beijo e um abraço. Vamos ter de tomar alguns dos nossos direitos no grito, mesmo, como já os tomamos outrora.</div>
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E, sinceramente, se você não sente raiva quando pensa nas estatísticas sobre estupro, nos casos de racismo, nos feminicídios, na objetificação diária do nosso corpo, naquele abuso que você ou a sua amiga ou a sua vizinha ou a sua mãe sofreram; se você não sente raiva sabendo que ganhamos menos que os homens, e as mulheres negras menos ainda; se você não sente raiva ao pensar no que nos é diariamente negado desde tanto tempo...</div>
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Se você não sente raiva, é porque não está prestando atenção.</div>
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<br />
<span style="font-size: x-small;"><a href="file:///C:/Users/Aline/Desktop/Uma%20defesa%20da%20raiva.docx#_ednref1">[i]</a> Esse é um resumo bem rasteiro do que chamamos de punição na análise do comportamento. Cabe apenas ressaltar que o conceito é bastante importante para nós e vai além do senso-comum do termo, que geralmente dá uma ideia de algo deliberadamente feito por alguém pra castigar outrem. Os verbetes da Wikipedia dão uma explicação simples do que é e da asserção que estou usando aqui: <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Refor%C3%A7o">https://pt.wikipedia.org/wiki/Refor%C3%A7o</a> e <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Puni%C3%A7%C3%A3o">https://pt.wikipedia.org/wiki/Puni%C3%A7%C3%A3o</a>. <br /> <br /><br /><a href="file:///C:/Users/Aline/Desktop/Uma%20defesa%20da%20raiva.docx#_ednref2">[ii]</a> Para mais sobre coerção, uma referência é o livro Coerção e suas Implicações, de Murray Sidman (publicado em 2011 pela Livro Pleno no Brasil). </span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /></span>
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<b>Referências</b></div>
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<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Carvalho Neto, M. B. de & Mayer, P. C. M. (2011). Skinner e a assimetria entre reforçamento e punição. <i>Acta Comportamentalia</i>, v. 19, pp. 21-31. Disponível em: <a href="http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=274520890004">http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=274520890004</a></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Fougeyrollas-Schwebel, D. (2009). Movimentos feministas. In: Hirata, H; Laborie, F.; Le Doaré, H. & Senotier, D. (orgs.) <i>Dicionário Crítico do Feminismo</i>. São Paulo, Editora Unesp, pp. 144-149.</span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Ruiz, M. R. (2003). Inconspicuous sources of behavioral control: the case of gendered practices. <i>The Behavior Analyst Today</i>, vol. 4, nº 1, pp. 12-16. Disponível em: <a href="http://psycnet.apa.org/journals/bar/4/1/12.pdf&productCode=pa">http://psycnet.apa.org/journals/bar/4/1/12.pdf&productCode=pa</a></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-size: x-small;">Skinner, B. F. (1987). <i>O que está errado com a vida cotidiana no mundo ocidental?</i> Originalmente publicado em <i>Upon Further Reflection</i>, Englewood Cliffs, Prentice Hall, pp. 15-31. Disponível em: <a href="http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/skinner/oque_ha_de_errado_com_o_mundo_ocidental3a.pdf">http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/skinner/oque_ha_de_errado_com_o_mundo_ocidental3a.pdf</a></span></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-50738422827499508702015-07-23T20:11:00.001-03:002015-07-23T20:13:47.927-03:00Escrever, escrever, escrever<div style="text-align: justify;">
Tenho pensado muito em escrever mais sobre feminismo pro blog e sinto bastante dificuldade. Assim que escrevo dois parágrafos, tenho vontade de jogar fora. Uma das maiores dificuldades que sinto é de conectar o feminismo ao behaviorismo radical, que é a tradição filosófica que eu estudo na psicologia.</div>
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<br /></div>
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Não por achar que não há nada a dizer, pelo contrário. Entrei no mestrado justamente por um campo vastíssimo se abrir sobre isso a cada vez em que penso no assunto. Existe muito pouca coisa publicada sobre isso (a maioria de uma mesma autora, a <a href="http://firstmonday.org/ojs/index.php/bsi/article/viewFile/224/2150" target="_blank">Maria Ruiz</a>; e são artigos contados nos dedos das duas mãos). Então, qualquer coisa é novidade.</div>
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<br /></div>
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O problema parece ser justamente esse. Sinto como se estivesse sempre balbuciando, começando de premissas muito básicas que precisam ser esclarecidas, enquanto outras áreas estão a anos-luz de nós. É meio chato. Além do mais, o behaviorismo radical é uma corrente maldita - não falamos bonito, não temos frases de efeito sobre como funciona o mundo e não fazemos o estilo "de humanas". Não atraímos atenção. Qualquer coisa misógina que o Freud tenha dito tem mil defesas feministas. O behaviorismo radical, não.</div>
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<br /></div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhXJYp64yVmmsra0a9cJ4KVavlrOs4x6N6Ya1dKVw1NgwlMYk_iCcFNSlxlIkI1goe2BE-hw8fOMEBzZGieS3QJFmN4UhP0LVU6qlSn-HwRCrlg_dawgnF-ijSRxYpibTUSkov9X9W5Q4o/s1600/tumblr_m2ooxv2Ctz1qbjt25o1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhXJYp64yVmmsra0a9cJ4KVavlrOs4x6N6Ya1dKVw1NgwlMYk_iCcFNSlxlIkI1goe2BE-hw8fOMEBzZGieS3QJFmN4UhP0LVU6qlSn-HwRCrlg_dawgnF-ijSRxYpibTUSkov9X9W5Q4o/s400/tumblr_m2ooxv2Ctz1qbjt25o1_500.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Internalista, né? Mas é isso.</span></div>
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<br /></div>
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<br />
<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas continuarei tentando. E já tem um time de razoável tamanho ao meu lado. E todo mês, uma aluna no início da graduação ou fazendo seu TCC vem me perguntar alguma coisa sobre, pedir indicação de material ou trocar uma ideia. Estamos crescendo. :)</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E eu continuarei tentando, a despeito das dificuldades.</div>
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<br /></div>
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<b>Um texto que me representou muito sobre isso: <a href="https://vulvarevolucao.wordpress.com/2015/07/18/escrevendo-sobre-escrever/" target="_blank">Escrevendo sobre escrever</a>.</b></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-45736784101429163902015-07-22T11:53:00.002-03:002015-07-22T11:54:47.060-03:00Skinner e o fluxo da consciência<div style="text-align: justify;">
A gente se acha muito geração Y e muito dispersa e muito "será que tenho TDAH" e muito procrastinadora por culpa do Facebook (e do Twitter, e do Tumblr, e do WhatsApp, e de tudo o mais em que se possa pôr a culpa...).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas o Skinner tinha o mesmo problema, como se pode ver no manuscrito não-publicado (procrastinado?) do texto<i> <a href="http://www.bfskinner.org/wp-content/uploads/2014/06/STREAM_OF_CONSCIOUSNESS.pdf" target="_blank">The Stream of Consciousness</a></i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"A despeito de todo o esforço de eliminar linhas de atividade improdutivas eu ainda me encontro trabalhando em muitos - todos fascinantes - campos. Aqui estão algumas coisas que 'vêm à mente' enquanto ouço música deitado numa manhã de domingo: [...]"</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZoWIEIrOzdGKGrIM_rybHy3NdZhENc8WTZMF5-jhRwCPXPvLV0ICjNQGASgBldWycf-9NgMOjqSxu6hcUHfp58tT0-E5Kzzfsc8KpenldbRV-RSCs6SOiZVUHg1dDYDAkz7HwHWBczIfs/s1600/Untitled+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZoWIEIrOzdGKGrIM_rybHy3NdZhENc8WTZMF5-jhRwCPXPvLV0ICjNQGASgBldWycf-9NgMOjqSxu6hcUHfp58tT0-E5Kzzfsc8KpenldbRV-RSCs6SOiZVUHg1dDYDAkz7HwHWBczIfs/s400/Untitled+1.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
(texto via <a href="http://www.bfskinner.org/" target="_blank">B.F. Skinner Foundation</a>)Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-16902391765992789472015-05-22T11:58:00.005-03:002015-05-22T11:59:47.970-03:00Entrevista sobre Game of Thrones e a cultura do estupro na mídia para a Revista Fórum<br />
<div style="text-align: justify;">
Dei uma entrevista para a queridíssima colega <a href="http://jaridarraes.com/" target="_blank">Jarid Arraes</a>, em que ela pediu para que falasse um pouco sobre <a href="http://www.revistaforum.com.br/blog/2013/04/cultura-do-estupro/" target="_blank">cultura do estupro</a>, tendo como ponto de partida uma cena do seriado<i> Game of Thrones</i>. Acabei falando de análise do comportamento lá, e como é relativamente raro que isso role na grande mídia, achei válido postar aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicmD9PCKf-mdd6xAvqcuos5sVUwpi6k3uaCIPS2xjGzsFOPXGvQNMSYWkdbG-VczujsoPRob4Hnywx1lGbpgwQgLl_gh6Du-yc4cufAPTTw_3HSzlMq0OkZHoof_u5varG93Z7gkSJvyJy/s1600/Untitled+1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="390" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicmD9PCKf-mdd6xAvqcuos5sVUwpi6k3uaCIPS2xjGzsFOPXGvQNMSYWkdbG-VczujsoPRob4Hnywx1lGbpgwQgLl_gh6Du-yc4cufAPTTw_3HSzlMq0OkZHoof_u5varG93Z7gkSJvyJy/s400/Untitled+1.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Link para a entrevista completa clicando <a href="http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/05/mais-estupros-mais-audiencia/" target="_blank">aqui</a>.</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-88587829577442775802014-11-15T09:26:00.002-03:002014-11-15T09:27:23.567-03:00"Você é muito inteligente para uma mulher"<div style="text-align: justify;">
Antes de me reconhecer como feminista, eu ouvi essa frase e suas variações algumas vezes de pessoas com quem me relacionei ou que conheci. Naquela época eu sentia que tinha algo errado, mas não sabia o que era esse "algo". "Esse cara está me elogiando, mas por que eu não me sinto de todo bem com isso?". As variações foram coisas como: "Você é mais inteligente do que as mulheres que eu costumo conhecer"; "É que a maioria das mulheres é fútil e não liga pra essas coisas sobre as quais estamos conversando"; "Você é diferente das outras".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlclKz7dI1BHw6N8vumaHezCcuy3cRbMRCVTltla8uoS_IzOSphxLVKnRYUwc5rEpYfAnSXOuBoAMY6UCxcQ3edowWDj4AOywTrpVu5aqIRmWrdInAuOsBeECjNnhiJ477QK91gCXwXpgS/s1600/restenergy_marinaabramovic_1980.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlclKz7dI1BHw6N8vumaHezCcuy3cRbMRCVTltla8uoS_IzOSphxLVKnRYUwc5rEpYfAnSXOuBoAMY6UCxcQ3edowWDj4AOywTrpVu5aqIRmWrdInAuOsBeECjNnhiJ477QK91gCXwXpgS/s1600/restenergy_marinaabramovic_1980.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Demorou para eu perceber as asserções nas entrelinhas: 1) a mais óbvia é que se diz de outra forma "mulheres são burras"; 2) "seu valor aos meus olhos só surge enquanto você se destaca da categoria 'mulher', enquanto você é ~diferente~". Isso é problemático de diversas maneiras. Mais do que a frase encharcada de sexismo benevolente, fica a mensagem de que se você é mulher, por si só, precisa fazer algo para ~ser diferente~ para valer alguma coisa; ou, em outras palavras, precisa ser qualquer coisa que não seja "a mulher" segundo o conceito do cara machista. E não há nada de errado em ser mulher. Mas a gente compra essa às vezes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Demorou para eu ouvir apenas "você é inteligente", e ponto. E, pelo que percebo, além de nós, mulheres, não percebermos por vezes qual o problema disso, tem cara que ainda acha que está elogiando para falar uma abobrinha dessas. Não, não é um elogio.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se um cara falar isso pra você, gata, ele não está sendo fofo. Não está reconhecendo suas qualidades únicas. Run to the hills.<br />
<br />
(textinho do meu <a href="https://www.facebook.com/alinegcouto/posts/739142109506734" target="_blank">facebook</a>)</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-173220751990864432014-08-28T19:45:00.004-03:002014-09-07T12:45:46.674-03:00Tornar-se feminista - controle de estímulos, comportamento e feminismo<div style="text-align: justify;">
Quem me conhece pessoalmente e/ou acompanha há algum tempo minha vidinha VIP <strike>(Very Internet Person)</strike> sabe que, de uns tempos pra cá, me interessei pelo feminismo e comecei a estudá-lo mais ou menos sistematicamente. Começou faz pouco tempo. Meu interesse surgiu nos tempos do auge do <b>Femen </b>Brasil, um par de anos atrás. Talvez vocês se lembrem daquelas moças, entre elas uma garota bonita e loira com um quê de Marilyn (a líder Sara Winter), que eram clicadas fazendo manifestações com os seios de fora e uma guirlanda de flores na cabeça. Me lembro especialmente de uma manifestação contra as <a href="http://noticias.terra.com.br/brasil/garotas-do-femen-quebram-loja-marisa-em-bh-contra-comercial,da48af97a555b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html">lojas Marisa</a> e outra contra o <a href="http://oglobo.globo.com/rio/topless-em-protesto-no-galeao-7527368">turismo sexual</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Naquela época, também chegou e começou a fazer barulho em terra <i>brasilis </i>a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcha_das_Vadias">Marcha das Vadias</a>, adaptada das Slut Walks que ocorreram pelo mundo após um policial canadense declarar que para as garotas não serem estupradas, deveriam se vestir de forma, digamos, <a href="http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/05/110510_slutwalks_vagabundas_rw.shtml">mais comedida</a>. As Marchas aglutinaram reivindicações do novo feminismo, e talvez por questões de <i>zeitgeist</i>, se confundiam na mídia com as manifestações das brasileiras do Femen. Portais de notícias faziam extensas galerias de fotos de garotas com os seios de fora e os corpos pintados, carregando cartazes e gritando palavras de ordem contra diversas situações pelas quais as mulheres passam.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu já estava em vias de me formar, ou formada, não me lembro bem, e essas discussões me chamaram a atenção. Primeiro porque eu não conseguia casar aquilo tudo com a ideia que eu tinha de feminismo. O que eu conheci sobre o movimento veio da via de senso comum e dos poucos contatos com feministas que tive durante a faculdade de humanas. Minha visão era uma espécie de amálgama de características positivas - mulheres que estavam lutando por seus ideais, afinal - e, mais que as primeiras, negativas - mulheres que só falavam em aborto (do que eu era contra), que pregavam uma liberação sexual que eu não entendia bem (pra mim tinha a ver com se tornar não-monogâmica ou bissexual ou lésbica, uma visão extremamente ingênua e tacanha da minha parte da qual até hoje me envergonho), que tinham relações intrínsecas com a política partidária (o que vinha do que eu via nos movimentos da faculdade) e, principalmente, que eram agressivas e hostis e por isso eu tinha medo de me aproximar pra perguntar ou esclarecer minhas dúvidas. Enfim, era uma visão bem de senso-comum de feminista como "gorda-feia-lésbica-que-queima-sutiã-não-se-depila-e-faz-aborto-como-quem-troca-de-camisa". Talvez uma visão só um pouquinho menos estreita que isso.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3wi7JyoNOR6_XtsZmdN3P6KB9c09KmYv7G9r-iXSCzRpRAReTWMDOH661ij7-jEsUiMI6DNwmASfktGpBEgELLiZoqMdJ4Nj__lhq4ZlljkBJDziODREsMsaN7aEmHbd8Jr2XN15zQdGD/s1600/tumblr_na8am8EcZV1rgzviyo1_500.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3wi7JyoNOR6_XtsZmdN3P6KB9c09KmYv7G9r-iXSCzRpRAReTWMDOH661ij7-jEsUiMI6DNwmASfktGpBEgELLiZoqMdJ4Nj__lhq4ZlljkBJDziODREsMsaN7aEmHbd8Jr2XN15zQdGD/s1600/tumblr_na8am8EcZV1rgzviyo1_500.jpg" height="320" width="211" /></a></div>
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Ao ver todas aquelas manifestações e mulheres juntas, eu fui pesquisar na internet informalmente pra tentar captar qualé. Vi que, apesar de serem colocadas pela mídia frequentemente como tudo a mesma coisa, Marcha das Vadias e Femen Brasil tinham ideais diferentes e não eram tocadas pelas mesmas pessoas. Percebi, curiosamente, que parecia que o Femen, tido pela mídia como retrato da feminista-que-grita, na verdade não era um movimento nem um pouco unânime pra quem já estava dentro do barco do feminismo há mais tempo. "Ué, todas tiram a roupa e protestam, qual que é a diferença?". <i>Long story made short</i>, fui chegando aos pouquinhos, lendo vários textos, assistindo coisas, participando de grupos de debate, escutando e falando, e, bam!, percebi que eu era feminista.</div>
<a name='more'></a><div style="text-align: justify;">
<br />
Quase na mesma época dessa percepção, tive contato com colegas que estavam se interessando sobre feminismo e análise do comportamento e descobri que, apesar de pouco, já teve gente publicando sobre o assunto. Primeiro porque o feminismo e o behaviorismo radical compartilham concepções de mundo bastante semelhantes em algumas coisas - dentre elas, a visão contextual das ações humanas (todo comportamento só faz sentido tomando o contexto em que ele foi aprendido e em que ocorreu) e, por outro lado, a rejeição ao excesso de individualização que se faz ao explicar o comportamento por outras correntes; a noção de que conhecimento é também contextual e o objeto de estudo é inseparável da pessoa que o estuda (e esta o vê através de um repertório comportamental mediado pelas suas experiências e cultura); e também uma visão particularmente "otimista" ao crer que o comportamento não é tão essencializado como comumente enxergamos e que as ações e a forma de ver o mundo de alguém podem mudar com as mudanças na cultura (ver Ruiz, 1998), entre muitos outros pontos comuns que se podem citar.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4KTm2Y3RBMS8BfZ1fq6CcXppKVNxBE1N4ws9UcSpMLNzPqLalIN6T1so1YdZzJdG6RuSSN2kYS58cUtdrgZcHtjaGhuU3exc_NR1O8woidoyOJ5K7KiJfcCV40bFulObdxnB8LI3t1GaP/s1600/oooh.gif" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4KTm2Y3RBMS8BfZ1fq6CcXppKVNxBE1N4ws9UcSpMLNzPqLalIN6T1so1YdZzJdG6RuSSN2kYS58cUtdrgZcHtjaGhuU3exc_NR1O8woidoyOJ5K7KiJfcCV40bFulObdxnB8LI3t1GaP/s1600/oooh.gif" /></a></div>
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Aí foi que me deu um certo nó nas ideias. Primeiro, por perceber que eram pouquíssimos os textos de AC que se dedicavam a pensar as questões de gênero e a teoria feminista - enquanto outras correntes já discutem o tema há tempos e já produziram MUITO mais sobre isso. Depois, por perceber que, embora o feminismo se pareça muito com o behaviorismo também no fato de ser cheio de <i>misunderstandings </i>(todo mundo mal conhece e já torce o nariz), isso não faz com que ele seja bem visto dentro do behaviorismo, nem sequer por uma questão de empatia. Behavioristas não são necessariamente feministas - e, muitas vezes, acham o feminismo a coisa mais sem noção do mundo. Encasquetei: por quê pra mim a semelhança parece tão óbvia, e pelo jeito também pra algumas outras poucas pessoas, mas pro resto da comunidade frequentemente essa semelhança não interessa? Por quê, ao analisar como questões de gênero impactam no nosso comportamento, pra mim um mundo novo se abriu, enquanto pra outros, não há nada pra tirar dessa caixa de Pandora?</div>
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A Maria Ruiz, analista do comportamento e uma das poucas que se dedicou a estudar tais questões, dá uma dica num artigo de 1998: entre outras coisas mil, talvez o controle de estímulos tenha a ver com isso. Vou enfocar nisso neste ensaio, mas quero deixar claro que, assim como em muito da análise comportamental, é um recorte do fenômeno e estou deixando uma parte de fora (quem sabe mais textos não virão, né?). Feita essa ressalva, voltemos.</div>
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Para exemplificar, Ruiz conta uma história familiar. A família dela é cubana de ascendência europeia e o seu pai imigrou para os EUA na época em que a segregação racial era uma realidade <a href="http://cinnamonmachine.tumblr.com/post/95212457200/1956-gordon-parks-documented-the-everyday-lives">bastante viva</a>. Na época, a faculdade onde ele participava de um programa tinha, como outras instituições da época, banheiros separados para pessoas brancas e "de cor" (<i>coloured</i>). O banheiro "para brancos" ficava bem longe da sala onde o pai dela ficava, enquanto o outro estava bem ali ao lado. Ele, então, se dirigia a esse, e um dia alguém informou-lhe do "erro".</div>
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<br /></div>
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O pai dela não parecia, portanto, sob controle do estímulo "cor", e sim do "banheiro". Para um espectador estadunidense nativo, o cara era doido e estava indo no banheiro ~errado~; para o pai dela, talvez doido fosse o colega que saísse e caminhasse o dobro pra ir ao banheiro quando havia outro logo ali. (E, pra nós, hoje talvez sem noção seja a criatura que ache que devem existir banheiros separados para negros e brancos, por favor). O repertório interpretativo (outro conceito usado pela autora) que descreve um sentido para o comportamento do pai é diferente, a depender de que estímulos estão controlando o comportamento da pessoa que observa e de como ela aprendeu a discriminar tais estímulos. Mais do que interpretar diferente, esta pessoa pode <b>ver </b>diferente. Pode nem perceber o controle exercido por um estímulo e não outro porque nem se apercebeu de que existe outro estímulo ali. Aprendeu a "ver" uns estímulos e não outros, a ficar sob controle de uns e não de outros.</div>
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<br /></div>
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Isso acontece muito quando se discutem questões de gênero. Para o behaviorismo radical, de certa forma, é ponto pacífico que aprendemos a nos comportar tanto pública quanto privadamente de acordo com estímulos dispostos pelo ambiente; o que pensamos, o que sentimos e o que temos como íntimo também foi modelado em uma cultura. Não é surpreendente ver que ignoramos os aspectos de gênero quando não somos ensinados a perceber essas diferenças. E é importante passarmos a considerar esse controle, não só para estar alertas ao fato de que nosso comportamento de analisar contingências não é neutro (Ruiz, 2003), como para permitir o contra-controle das contingências que permitem a segregação por gênero e as práticas culturais que não questionamos porque não vemos (ver Ruiz, 2003; Wolpert, 2005; Todorov, 2014).</div>
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<br /></div>
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Voltando à minha história como feminista que saiu do armário: em certo momento, as contingências "me pegaram" sensível a essas questões. Começar a estudar sobre feminismo me fez atentar para aspectos da minha história de vida que eu não soube explicar bem antes, mas que hoje ficam mais claros e o controle sob o qual eu estava ganha certos elementos. Isso só foi possível porque entrei em contato com ambientes diferentes dos que controlavam o meu comportamento (e o meu repertório de interpretá-lo) antes, que possibilitaram que eu analisasse de outra forma. Isso não acontece pra todo mundo, é claro, já que nossos ambientes são diferentes e nossas histórias de vida e de aprendizagem também são diferentes. Por mais que o fato de eu ser behaviorista radical me faça atentar para certas questões do feminismo, existem outras variáveis.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipC9zNi_PW31xiEsGVm-OTv19wIpHlR5i7ZPbUtVtK1124kX0GHzxD9GwFomQVzMPVjggAE7dW0L1uv2H6-xomvPT1M4wujvijCp_8WClhG8VbrCNBN6C-PGyFPzdPbjO4-6qYiVPs_HZ4/s1600/usagi_discrim.png" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipC9zNi_PW31xiEsGVm-OTv19wIpHlR5i7ZPbUtVtK1124kX0GHzxD9GwFomQVzMPVjggAE7dW0L1uv2H6-xomvPT1M4wujvijCp_8WClhG8VbrCNBN6C-PGyFPzdPbjO4-6qYiVPs_HZ4/s1600/usagi_discrim.png" width="320" /></a></div>
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Mas eu e outras pessoas que estudam o behaviorismo radical partilhamos de uma mesma cultura, e em muita coisa, as práticas culturais que nos ensinam a nos comportar de determinadas formas são as mesmas - ainda mais em características tão fundamentais de definição do nosso <i>self </i>como são os gêneros. Não é tarde demais para criarmos um ambiente de discussão disso dentro do behaviorismo radical e de apontar certas coisas, para que outras pessoas possam vê-las também, como eu passei a ver. É uma ilusão pensar que será fácil ou elementar começar a desvelar esses controles - se fosse, talvez já tivesse sido feito. Mas estou no começo de uma caminhada que pretendo seguir, e que creio que tenha muito a acrescentar ao behaviorismo radical enquanto possibilidade de análise.</div>
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<br /></div>
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Uma garota pode sonhar, não pode? Quem sabe, depois de ouvir muitos "sua feminazi ridícula" e muitas admoestações pra ir lavar minha louça por aí, eu não veja mais gente se interessando por essa aproximação. Já demos alguns passos, podemos continuar.</div>
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<br /></div>
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_____________________________________________________________________</div>
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<b><span style="font-size: x-small;">Referências</span></b></div>
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<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Ruiz, M. R. (1998). Personal agency in feminist theory: evicting the illusive dweller. <i>The Behavior Analyst</i>, v. 21, nº. 2, pp. 179-192.<br /><br />Ruiz, M. R. (2003). Inconspicuous sources of behavioral control: the case of gendered practices. <i>The Behavior Analyst Today</i>, v. 4, nº 1, pp. 12-16.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Wolpert, R. (2005). A multicultural feminist analysis of Walden Two. <i>The Behavior Analyst Today</i>, v. 6, nº 3, pp. 186-190.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Todorov, J. C. (2014). <i>Controle e contra-controle em contingências sociais</i>. Disponível <a href="http://jctodorov.blogspot.com.br/2014/08/controle-e-contra-controle-em.html" target="_blank">aqui</a>. Acesso em 28 de agosto de 2014.</span></div>
</div>
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Todo mundo que estuda e faz ou fez parte de algum grupo de pesquisa já passou por aquela situação que dá arrepios: tá todo mundo lá pesquisando, produzindo, e na hora de discutir os resultados e decidir os detalhes de como publicar, a orientadora/orientador decreta: "TEMOS QUE PUBLICAR ISSO EM INGLÊS, porque em português ninguém lê e eu quero mandar para revistas de impacto <strike>e quero fama e dinheiro e louros e iates e prêmios Nobel e etc</strike>".</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOvYxPxqnr1edFyFirbg74HEQ7LDA4fxHftw6qUx-0UII6ELqz8NOqIOeCJYxhTiQQrw_dPY7eTeY4y8r0dB5BNUb5qY-GmqqbDaZbrk9r6-fBuR9zEJvGckMKmHeqSkbtCLhe7ekxVJj4/s1600/i-have-no-idea-what-im-doing-science-dog.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOvYxPxqnr1edFyFirbg74HEQ7LDA4fxHftw6qUx-0UII6ELqz8NOqIOeCJYxhTiQQrw_dPY7eTeY4y8r0dB5BNUb5qY-GmqqbDaZbrk9r6-fBuR9zEJvGckMKmHeqSkbtCLhe7ekxVJj4/s1600/i-have-no-idea-what-im-doing-science-dog.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí você, inocente bolsista de iniciação científica, se vê na difícil tarefa de escrever numa língua que não é a que você aprendeu desde o bê-a-bá lá quando era um lindo bebezinho. E aí? Comofas? É choro e ranger de dentes, gente brigando dentro do grupo, amizades feitas e desfeitas, gente saindo na mão, madrugadas em claro, todos jogando o artigo no lixo e recuperando mil vezes até sair alguma coisa que preste - isso quando não dão o azar de, depois de o trabalho todo feito, receber de volta o texto da equipe da revisão da revista mandando revisar tudo de novo. Revisar, revisar, revisar!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isso na verdade é complicado não só pra quem é bolsista IC. No Brasil poucas pessoas realmente dominam bem o inglês, e isso acontece também entre aqueles docentes-dinossauros que estão há anos pesquisando, mas nunca publicaram fora por não dominar o idioma. Mas o inglês é a atual língua da ciência, então não tem nem choro nem vela. Tem de se virar. Mesmo os fluentes na língua também vão se deparar com dificuldades especiais quanto à escrita científica - uma coisa é bater papo na Disneylândia com o Mickey Mouse, outra é comunicar os resultados da sua pesquisa de 15 anos pra outros colegas que podem estar genuinamente interessados no que você tem a dizer.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de receber vários pedidos de colegas brasileiros para revisar artigos em inglês, a pesquisadora <b>Mariel Asbury Marlow </b>resolveu publicar dez dicas para escrever artigos científicos em inglês - e não apenas escrever, mas escrever bem e de acordo com as normas de escrita científica. Ela esclarece vários possíveis problemas ao se verter completamente um texto do português para o inglês, como o uso da voz passiva (comum no português, mas não muito bem aceito na redação científica em inglês), o uso de maiúsculas e minúsculas, artigos definidos e indefinidos, pronomes etc. O artigo pode ser encontrado <a href="http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3935133/" target="_blank">aqui</a> e o acesso é gratuito. É pra ler e guardar pros momentos de desespero.<br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<i><b>(Indicação via INCT|ECCE no Facebook, vale curtir: </b><a href="https://www.facebook.com/InctEcce">https://www.facebook.com/InctEcce</a><b>)</b></i></div>
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Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-55797852900334698772014-04-09T21:32:00.001-03:002014-04-13T13:35:45.734-03:00Sobre feminismo, cultura, a pesquisa do Ipea e Análise do Comportamento<div style="text-align: justify;">
Nos últimos dias, vimos surgir na mídia questões sobre a liberdade feminina no Brasil, por meio de dois fenômenos a princípio não interligados, mas que acabaram convergindo para essa discussão. Primeiro, ocorreu na mídia uma série de denúncias relativas a casos de abusos praticados contra, majoritariamente, mulheres no transporte público. O caso que ganhou visibilidade primeiro foi o de um rapaz que foi preso em flagrante ao ameaçar uma mulher com uma faca no metrô, obrigá-la a se despir e então ejacular sobre ela – pelo que foi repreendido por populares no mesmo momento, dada a obviedade da ofensa. A partir daí, outros casos foram ganhando as páginas dos jornais, por meio dos relatos de várias mulheres de diversos lugares do país (veja alguns relatos <a href="http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/03/gritei-para-todo-mundo-ouvir-diz-vitima-de-abuso-no-metro-de-sp.html" target="_blank">aqui</a> e <a href="http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/mulheres-relatam-casos-de-abuso-sexual-dentro-de-coletivos-em-salvador/" target="_blank">aqui</a>).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois, veio a divulgação de uma pesquisa pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa, intitulada <i>Tolerância social à violência contra as mulheres</i>, foi feita da seguinte forma: frases afirmativas eram apresentadas a(o) entrevistado(a) e ele apontava, por meio de uma escala tipo Likert de 5 pontos, o quanto concordava ou discordava daquilo. Entre as afirmações, frases como “Homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia”, “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”, “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”, etc. Foram entrevistadas 3810 pessoas, de forma presencial, por meio de visita domiciliar. A maioria destas pessoas estava no Sul/Sudeste e era mulher e adulta (confira a pesquisa na íntegra <a href="http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/SIPS/140327_sips_violencia_mulheres.pdf" target="_blank">aqui</a>).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre os resultados obtidos, pôde-se observar repúdio da maioria dos entrevistados à ideia de que “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”, por exemplo (com 89% de discordância). Mas outras questões sugeriram que a violência contra mulheres é ainda tolerada e, em alguns casos, mesmo justificada – caso das questões “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”, com 58% de concordância, e “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, a princípio, com 65% de aprovação – o que foi corrigido depois, como veremos adiante.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A pesquisa teve repercussão imediata nas redes sociais e na mídia, e foi o estopim de diversas manifestações de repúdio. Entre eles, um protesto que começou despretensioso: a jornalista Nana Queiroz convocou mulheres do seu círculo, via Facebook, para tirar fotos acompanhadas da mensagem “<a href="https://www.facebook.com/pages/Eu-n%C3%A3o-mere%C3%A7o-ser-estuprada/262686010579662?ref=ts&fref=ts" target="_blank">Eu Não Mereço Ser Estuprada</a>”. A manifestação acabou se tornando um viral e o evento no Facebook atraiu milhares de pessoas. Boa parte, de mulheres (e homens) que queriam apoiar a ideia; mas a parte que se tornou o centro das atenções foi a que invadiu o espaço para ameaçar e ridicularizar mulheres, incluindo ameaças de estupro contra as mulheres que ali apareceram e contra a própria Nana.</div>
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<a href="http://sd.keepcalm-o-matic.co.uk/i/don-t-keep-calm-porque-eu-n%C3%A3o-mere%C3%A7o-ser-estuprada-3.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://sd.keepcalm-o-matic.co.uk/i/don-t-keep-calm-porque-eu-n%C3%A3o-mere%C3%A7o-ser-estuprada-3.png" height="320" width="274" /></a></div>
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<br /></div>
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Muitos coletivos feministas, pessoas comuns e até celebridades manifestaram seu repúdio aos ataques sofridos pelas mulheres e parecia que estávamos testemunhando, finalmente, alguma possibilidade de mudança – uma reflexão forçada pelos acontecimentos que vieram à tona. Daí, veio mais uma bomba: o Ipea, dias depois da divulgação da pesquisa citada, veio a público se desculpar por ter feito uma troca nos gráficos referentes a duas questões, entre elas, a questão que chamou mais a atenção – não eram 65% dos entrevistados que concordavam com a afirmação “Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, e sim 26%. Os 65% de concordância na verdade eram referentes à afirmação “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”. Confira a errata completa <a href="http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=21971&catid=10&Itemid=9" target="_blank">aqui</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<a name='more'></a><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi o que faltava para que as reações conservadoras à pesquisa, que já estavam sendo incansavelmente desfiadas na mídia e nas redes sociais, virassem, por fim, revanche. A pesquisa foi acusada inicialmente de ser enviesada, já que o método usado foi um e não outro, bem como a interpretação se baseou em determinadas teorias e não em outras; a amostra estaria mal caracterizada e não permitia fazer generalizações sobre o machismo da sociedade brasileira como um todo, pois a maioria era de mulheres; o Ipea teria um histórico de aparelhamento político pelo Partido dos Trabalhadores, que estaria, por sua vez, interessado em acobertar as denúncias de um escândalo na Petrobras. Com o erro assumido e o diretor exonerado, vieram mais acusações e mais teorias conspiratórias: a pesquisa foi propositalmente malfeita para gerar instabilidade social; o Ipea estaria querendo “abafar o caso” dada a grande repercussão, e, de novo, acobertar o PT. Entre outras ideias.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ok, posto esse longo preâmbulo, vamos ao que me propus a discutir. <b>O que isso tudo tem a ver com feminismo e Análise do Comportamento</b>?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O estudo do Ipea foi construído de acordo com uma temática que já vem sendo estudada, pelo menos, desde os anos 70 – as teorias de gênero. Segundo uma visão geral dessas teorias, o estudo do gênero faz referência às “normas, obrigações, comportamentos, pensamentos, capacidades e até mesmo o caráter que se exigiu que as mulheres tivessem por serem biologicamente mulheres” (Garcia, 2011). Gênero faz referência aos papéis sociais que cada sexo ganha de brinde ao nascer, a depender de que penduricalho tem entre as pernas e do que está nos seus genes. Se é XY e tem pênis, é menino, logo há expectativas e padrões a serem seguidos referentes ao ideal de masculinidade; se é XX, é menina, e por sua vez tem a sua coleção de normas a seguir também. Interpretando de forma analítico-comportamental, gênero faz referência às práticas culturais que usamos para rotular comportamentos como “de homem” ou “de mulher” – gostar de certas cores, usar certas roupas, se enamorar pelo sexo oposto, brincar disso ou daquilo e por aí vai.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O estudo do Ipea acabou por fazer um rastreio de que práticas culturais estão em voga no nosso país atualmente. Práticas culturais, de forma simplificada, fazem referência a comportamentos que são repetidos de forma mais ou menos semelhante ao longo do tempo, passando de geração para geração, o que é permitido pelo nosso uso do verbo; por meio de regras e normas vigentes entre uma população, são construídas essas tradições e costumes (Moreira, Machado e Todorov, 2013). Skinner (1953) já falava de práticas culturais, embora não utilizando tal expressão, ao fazer análises sobre o comportamento em sociedade, que foram tema de uma seção inteira de sua obra fundamental, Ciência e Comportamento Humano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://p2.trrsf.com.br/image/fget/cf/300/400/images.terra.com/2014/04/04/spcampanhaalfinetemetroreproducao.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://p2.trrsf.com.br/image/fget/cf/300/400/images.terra.com/2014/04/04/spcampanhaalfinetemetroreproducao.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
O estudo do Ipea tornou pública a alta concordância das pessoas com algo tão triste quanto a ideia de que sob certas contingências, em certas circunstâncias, o abuso físico contra a mulher é justificado, tolerado ou, em outras palavras, escapa de punição. Mais ainda, a punição recai sobre a própria vítima. Além de enfrentar as situações aversivas diariamente impostas ao seu gênero – lançando mão do contracontrole que é possível, como a ação promovida por um grupo feminista de SP, que <a href="http://noticias.terra.com.br/brasil/cidades/sp-campanha-distribui-alfinetes-contra-abusadores-do-metro,50c8382ccbc25410VgnVCM3000009af154d0RCRD.html" target="_blank">distribuiu alfinetes</a> para as passageiras do metrô se defenderem dos “encoxadores” –, a mulher é frequentemente punida por não corresponder aos padrões comportamentais que se esperariam do seu gênero e/ou por denunciar os problemas de que sofre, das mais variadas formas. A prática de desqualificar mulheres pelo que elas vestem, caso suas roupas se enquadrem no que é visto como uma indesejável liberdade sexual – ou seja, roupas curtas e/ou justas, decotes, cores chamativas etc. – é conhecida no meio dos estudos das teorias de gênero e tem inclusive nome: <i>slutshaming </i>(do inglês <i>slut</i>, que pode ser traduzido como “vadia”, e <i>shaming</i>, verbo referente ao ato de envergonhar). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
“Uma premissa que todas as práticas de <i>slutshaming </i>têm em comum é o contraste entre um modelo ‘certo’ e ‘ideal’ de comportamento feminino contra o qual algum(ns) comportamento(s) de uma mulher é julgado e considerado desviante de tal norma, e ‘portanto’, digno de ser rechaçado como algo negativo, ‘errado’, ‘imoral’. Porém, conforme colocado dentro das perspectivas comportamental radical e feminista, não faz sentido algum falar de modelos ‘certos’ e ‘ideais’ de comportamento feminino (ou masculino, ou transgênero – ou mesmo de qualquer modelo), visto que isto pressupõe antes de tudo que exista algum modelo transcendental, essencialista e a-histórico ao qual seja necessário adequar-se (devido a alguma norma supostamente transcendental como a religiosa); porém não existem histórias pessoais de contingências ‘certas’ ou ‘erradas’, existem apenas diferentes histórias pessoais de contingências.” (Fonseca e Oliveira, 2013)</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há que se reconhecer que o erro do Ipea denota, no mínimo, falta de cuidado ao analisar os dados da pesquisa. No entanto, o erro, que foi devidamente apontado, não invalida a percepção de que vivemos uma sociedade ainda machista, perspectiva essa denunciada por estudos de teóricos de gênero já há muito tempo. Mesmo com os avanços obtidos desde o início do movimento feminista, ainda há muito para ser feito para que a sociedade adote práticas culturais que promovam um equilíbrio entre os dois gêneros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/sv3-0xEP0CE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dados como os do Mapa da Violência, que apontaram que a Lei Maria da Penha <a href="http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2012/07/10/lei-maria-da-penha-nao-diminuiu-a-violencia-constatam-levantamentos" target="_blank">não reduziu</a> a violência à mulher; ou os da última pesquisa do Instituto Avon, que contaram com a <a href="http://www.institutoavon.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Pesquisa-Avon-Instituto-Ipsos-2013.pdf" target="_blank">percepção masculina</a> sobre a violência contra a mulher; bem como dados divulgados por uma campanha da ONU, dando conta de que <a href="http://www.onu.org.br/unase/sobre/situacao/" target="_blank">70% das mulheres sofrerá algum tipo de violência durante a vida</a>, sendo que na maioria dos casos esta é praticada por seu próprio parceiro, permitem lançar alguma luz sobre o que está sendo dito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj47eEoAw1-TSn6zhgRRLdQ1_pBsD-75aekX39N9DZl_ckXlU3CaQQLr81S5BtWYH60kfN1xxyB5fL_2AxdiPmb_b7epFhRYcyC9dLgEEghTzm0ibSszjVcD1yA5pgEnkazg02QZmickYsT/s1600/tumblr_mlmkuxZzCT1qb2li9o1_400.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj47eEoAw1-TSn6zhgRRLdQ1_pBsD-75aekX39N9DZl_ckXlU3CaQQLr81S5BtWYH60kfN1xxyB5fL_2AxdiPmb_b7epFhRYcyC9dLgEEghTzm0ibSszjVcD1yA5pgEnkazg02QZmickYsT/s1600/tumblr_mlmkuxZzCT1qb2li9o1_400.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
Por mais que, conscientemente e de acordo com as regras que nos são passadas em sociedade, violência seja algo repreensível e se saiba que mulheres devem ser tratadas de forma igualitária, ainda há, em comportamentos que persistem ao ser reforçados ou não suficientemente punidos, tendência a ver certas formas de segregação e violência como normais, ou “parte da tradição”. Em lugar de se ensinar homens a não estuprar ou abusar mulheres, a culpabilização da vítima pune apenas a estas últimas. Casos de estupro são considerados <a href="http://noticias.terra.com.br/brasil/sc-numero-de-estupros-notificados-reflete-bom-atendimento-diz-governo,fa877ba5aea22410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html" target="_blank">subnotificados</a> e o ambiente hostil às denúncias femininas, mesmo em delegacias da mulher, sublinha isso – enquanto apenas aquele estuprador de perfil clássico tem chance de ser punido (o que estupra mulheres de forma serial, se aproveitando de descuidos e de becos escuros, ou se comportando de maneira abertamente agressiva, como o caso do universitário preso que citei no início do texto), são abertas concessões para outros comportamentos que também entram na definição de estupro, como abusar de uma <a href="http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2011/06/fazer-sexo-com-algum-bbado-estupro.html" target="_blank">mulher bêbada</a> em uma festa, ignorar a recusa de sexo de uma <a href="http://meteacolher.com.br/e-mail-do-internauta/meu-marido-passa-a-mao-em-mim-enquanto-durmo/" target="_blank">companheira</a> ou estuprar uma <a href="http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/04/prostituta-e-agredida-e-estuprada-depois-de-desistir-de-programa-no-df.html" target="_blank">prostituta</a>. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tais práticas culturais insidiosas são mais difíceis de combater. É preciso, primeiro, enxergá-las – e, queiramos ou não, a pesquisa do Ipea, mesmo errada, contribuiu para isso, ao escancarar a reação conservadora da sociedade a um resultado específico da pesquisa, enquanto outras questões foram deixadas de lado (alguém em sã consciência acredita que devamos estar aliviados porque não são 65% os que concordam com “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”, mas sim com “Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”?). Para enxergar a cultura em que vivemos, é preciso lançar mão da ciência crítica e esquecer a ilusão da neutralidade – ao analisar qualquer dado à luz dessa teoria ou não daquela, estaremos incorrendo num risco, mas a beleza da ciência é de que nada impede de que outras teorias possam ser utilizadas, bem como outros dados podem ser levantados. O que não dá mesmo é esperar que nunca se discuta algo que já vem sendo denunciado há tempos – e da denúncia, alguma hora, temos que passar à ação.<br />
<br />
_________________________<br /><b><strike>COSMOS</strike> UPDATE</b>:<br />O Datafolha realizou uma pesquisa em 7 de abril, retomando as questões polêmicas da pesquisa do Ipea. A pesquisa, <b>restrita a residentes da cidade de SP</b>, maiores de 16 anos, traz dados como os seguintes:<br />
<br />
<ul>
<li><b>12%</b> concordam, total ou parcialmente, que mulheres que usam roupas que mostram o corpo devem ser atacadas;</li>
<li><b>9%</b> concordam, total ou parcialmente, que mulheres que usam roupas que mostram o corpo devem ser estupradas;</li>
<li><b>47%</b> concordam que é normal que homens assediem mulheres com roupas curtas ou decotadas; isso seria parte da natureza masculina;</li>
<li><b>37%</b> das mulheres já foram aconselhadas por amigos, familiares ou parceiro a trocar de roupa para evitar assédios;</li>
<li><b>29%</b> das mulheres já deixaram de usar uma roupa para evitar assédio.</li>
</ul>
<div>
A pesquisa traz também respostas a outras questões e as porcentagens discriminadas, entre homens e mulheres e de acordo com a faixa etária. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
Confira a matéria na íntegra <a href="http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/04/1439203-12-dos-paulistanos-concordam-com-ataque-a-mulher-com-roupa-sensual.shtml" target="_blank">neste link</a>.</div>
<div>
_________________________</div>
</div>
<br />
<b>Referências</b><br />
<br />
Fonseca, K. e Oliveira, R. A. S. de. (2013). <i>O slutshaming através de um olhar behaviorista radical</i>. Não publicado.<br />
<br />
Garcia, C. C. (2013). <i>Breve história do feminismo</i>. São Paulo, Claridade.<br />
<br />
Moreira, M. B., Machado, V. L. S. e Todorov, J. C. (2013). <i>Cultura e práticas culturais.</i> In: Moreira, M. B. (org.) Comportamento e Práticas Culturais. Brasília, Instituto Walden 4.<br />
<br />
Skinner, B. F. (1953/2007). <i>Ciência e Comportamento Humano</i>. São Paulo, Martins Fontes.Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-35852914519778777382014-04-09T11:06:00.001-03:002014-04-09T11:06:01.639-03:00Skinner Disney Edition<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Porque no fundo ele só queria ser amado:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvzAxXT79RHeAyUmfLvVp_DVQCbKKqKGKDqwG51aArJatyz1BWCAgKjkX7HyBnmv8DoANkuesmJJ6fnALOt4PoeoyKdr_wF9O15whlYX4ixRXDfV883vjs0MKhZJnOZMe39sbz1gvlCkTN/s1600/BkyIe3-IgAE4CCl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvzAxXT79RHeAyUmfLvVp_DVQCbKKqKGKDqwG51aArJatyz1BWCAgKjkX7HyBnmv8DoANkuesmJJ6fnALOt4PoeoyKdr_wF9O15whlYX4ixRXDfV883vjs0MKhZJnOZMe39sbz1gvlCkTN/s1600/BkyIe3-IgAE4CCl.jpg" height="640" width="453" /></a></div>
<br />Preguiça de estudar e tablet à mão dão nisso.<br /><br />Mas aguardem e confiem que vem texto :DAlinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-52441368800925608082013-07-17T10:45:00.001-03:002014-04-14T18:03:35.939-03:00Intervenção urbana e comportamento no trânsito: "Motorista que dá vez a pedestre ganha aplauso em Sorocaba"<span style="text-align: justify;">Hoje vi uma notícia que me chamou a atenção, como pedestre e analista do comportamento. Uma intervenção urbana em Sorocaba/SP planeja aumentar a conscientização dos motoristas para a faixa de pedestres. Um grupo de teatro de rua comanda a intervenção. A seguir, a notícia do </span><a href="http://blogs.estadao.com.br/pelo-interior/motorista-que-da-vez-a-pedestre-ganha-aplauso-em-sorocaba/" style="text-align: justify;" target="_blank">Estadão</a><span style="text-align: justify;"> na íntegra:</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://blogs.estadao.com.br/pelo-interior/files/2013/07/Campanha-para-travessia-segura-300x201.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://blogs.estadao.com.br/pelo-interior/files/2013/07/Campanha-para-travessia-segura-300x201.jpg" /></a></div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i>"O pedestre aproxima-se da faixa de travessia, faz um sinal com a mão e, se o motorista freia o carro e dá preferência, é aplaudido pelo público. Uma faixa é aberta saudando o gesto. A cena que surpreende a motoristas e transeuntes faz parte de uma campanha lançada nesta terça-feira (16), em Sorocaba.</i></div>
<i></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<i><i>O objetivo é conscientizar os motoristas a dar prioridade aos pedestres que aguardam sua vez nas faixas de travessia. Atores do grupo de teatro ‘Nativos da Terra Rasgada’, misturados à população e ‘disfarçados’ de pedestres protagonizam a encenação.</i></i></div>
<i>
</i><i></i>
<div style="text-align: justify;">
<i><i>A campanha 'Mão na faixa, pé no freio' está sendo desenvolvida pela Urbes, empresa municipal de trânsito, e deve seguir até o final do mês nas vias de maior movimento da cidade. A Urbes quer incentivar os pedestres a pedir passagem de forma consciente e segura, enquanto os motoristas são motivados a contribuir para um trânsito mais cordial.</i></i></div>
<i>
</i><i><div style="text-align: justify;">
<i>O objetivo é evitar atropelamentos. No primeiro trimestre deste ano, nove pessoas morreram atropeladas em ruas, avenidas e rodovias que cortam a cidade. No mesmo período de 2012, foram registrados seis óbitos."</i></div>
</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<a name='more'></a>A intervenção, como tantas outras intervenções urbanas tão legais como as que a gente se depara por aí, me pareceu ainda mais legal por dois motivos: o primeiro é que utiliza <b>reforçamento positivo</b> para estabelecer um comportamento um pouco esquecido (em outras palavras, extinto) no trânsito brasileiro. O outro é que chama atenção tanto para o <b>comportamento </b>do pedestre quanto para o do motorista - é importante não apenas o último parar na faixa, mas o primeiro também deve se conscientizar da importância da mesma e pedir passagem de forma adequada.<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo, podemos questionar se a intervenção pode trazer resultados duradouros - ou seja, <b>generalizar </b>seus resultados. Provavelmente não vai bastar uma intervenção pontual, mas campanhas de conscientização frequentes e também outras ações, como o reforçamento disso nas escolas de trânsito, na reciclagem dos motoristas, e mesmo na vida diária. Uma outra questão é o papel de consequências punitivas no estabelecimento de comportamentos como esse. Voltei recentemente de uma viagem à Romênia e, após um comentário com um amigo romeno sobre o fato de os motoristas sempre pararem na faixa para os pedestres por lá (ainda que um pouco impacientes - o trânsito na Romênia também não é uma tranquilidade assim tããão grande), ele respondeu que isso acontece porque lá quem é flagrado desrespeitando a faixa perde a carteira de motorista - e se atropela alguém, ainda vai para a cadeia. Apenas pelo relato dele, não dá para saber de todas as contingências envolvidas no comportamento de parar para os pedestres na faixa por lá - provavelmente existem também outros reforçadores envolvidos. Mas dá pra pensar em por que isso também não acontece por aqui, afinal as punições para crimes de trânsito costumam ser brandas ou pouco consistentes.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Enfim, se as palmas dos atores de Sorocaba vão realmente ser reforçadoras para o comportamento que pretende ser reforçado é algo que não dá para adivinhar sem analisar de perto todas as contingências. Mas é uma ação bem válida, não é?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em tempo: existe uma dissertação da UnB sobre o comportamento do brasiliense na faixa de pedestres e uma possibilidade de intervenção cultural, de autoria da Vívica Lé-Senechal Machado (2007). Confiram neste <a href="http://repositorio.unb.br/handle/10482/3512" target="_blank">link</a>.</div>
<br />Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-45624911237399801202013-03-04T21:04:00.001-03:002013-03-04T21:04:31.080-03:00Os 100 anos do Behaviorismo <br />
<div style="text-align: justify;">
Você sabia que o behaviorismo está completando 100 anos em 2013?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em março de 1913, a revista <i>Psychological Review</i> publicou o artigo <i>"Psychology as the behaviorist views it"</i>, de autoria de John B. Watson. O artigo veio a ficar conhecido como o "Manifesto Behaviorista", em que Watson estabeleceu as bases para a abordagem, rejeitando vários dos pressupostos que a psicologia utilizava em sua ciência.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O behaviorismo veio a ser uma das maiores influências na Psicologia do século XX, provocando uma série de questionamentos e dando os fundamentos para várias das correntes que vieram a seguir, inclusive a chamada Psicologia Cognitiva - que veio de uma cisão no movimento, originando-se dos chamados behavioristas mediacionais como Edward Tolman e Clark Hull. Hoje, a corrente behaviorista dominante é o behaviorismo radical de Burrhus F. Skinner, que conserva algumas das críticas que Watson fez ainda no início da sua interpretação da ciência psicológica, mas traz diversos aspectos conceituais e aplicados bem diferentes dos do seu criador - embora ainda seja muito confundido com o antigo behaviorismo watsoniano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ficou curioso para ler o manifesto? Uma tradução se encontra disponível <a href="http://www.sbponline.org.br/revista2/vol16n2/PDF/v16n02a11.pdf" target="_blank">aqui</a>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na imagem, alguns dos pensadores que ajudaram a construir o Behaviorismo no Brasil e no mundo. Você consegue identificar todos? ;)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOiyvqNziRENg7-c3vvJUNO7yco-HRo7ZpG0AJCElpTzDMv1hvQ15PuRpK-PsMWgq-hfArvv1W5xzJg3566lq7rzQCDsttCaJUh7IW5OrOkZDGLcnYQKS21O-CXQb2bp2iDQcKQr7Aidwq/s1600/100anos.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="321" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOiyvqNziRENg7-c3vvJUNO7yco-HRo7ZpG0AJCElpTzDMv1hvQ15PuRpK-PsMWgq-hfArvv1W5xzJg3566lq7rzQCDsttCaJUh7IW5OrOkZDGLcnYQKS21O-CXQb2bp2iDQcKQr7Aidwq/s400/100anos.gif" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i>(Texto originalmente publicado na página do <a href="http://www.comportese.com/" target="_blank">Comporte-se</a> no Facebook e disponível <a href="https://www.facebook.com/photo.php?fbid=440907489311221&set=a.172898709445435.39451.149360995132540&type=1" target="_blank">aqui</a>)</i></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-12209905175860583542013-02-22T22:07:00.002-03:002013-02-22T22:07:59.858-03:00Punição em 6 segundosUm exemplo rápido do que é a punição positiva.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wtBvZLOHDRQ?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">"Vôcotá po meu pai, tia" = contracontrole.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Se você é behaviorista e riu, vai para o inferno e lá terá que ler 2 textos de Lacan por dia para debates com o próprio.</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-5406825533548541622013-01-21T18:16:00.001-03:002013-01-21T18:18:10.029-03:00meu deus está vivo!!!11!!1!!1<div style="text-align: justify;">
O blog está parado desde outubro. Ando um pouco apartada dos estudos do behaviorismo radical há uns tempos graças a alguns motivo$ (a saber, estudo para concursos, onde cai porcaria nenhuma de behaviorismo - e quando cai, a dúvida que fica é se você responde a resposta certa ou a resposta errada que pra eles é certa, tipo "Watson foi o pai do Behaviorismo Radical").</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7HSfXs2V1fWxaMnve0VBfxtPw-UdlhrxrJpXqR7HpM6B-SxNHvKpNPnd2pzMDjCERpFovdtNI2sljR9AI-Yhta7_3D2jVg35RDa1vbXqzk_wd_2JjKzS4W6NVgcXeyegJXWGnPDU2bWjg/s1600/wrooooooong.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7HSfXs2V1fWxaMnve0VBfxtPw-UdlhrxrJpXqR7HpM6B-SxNHvKpNPnd2pzMDjCERpFovdtNI2sljR9AI-Yhta7_3D2jVg35RDa1vbXqzk_wd_2JjKzS4W6NVgcXeyegJXWGnPDU2bWjg/s1600/wrooooooong.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">E sim, isso existe. Por acaso está escrito em um dos livros-texto mais utilizados de psicologia cognitiva, o do Sternberg.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Enfim, é um hiato, mas juro que eu volto. Uma das promessas de 2013 foi continuar lendo sobre análise do comportamento e behaviorismo radical, nem que seja just for fun, e estou lendo um bom livro. É nóis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-31329385792219283212012-10-13T14:00:00.000-03:002012-10-13T14:00:06.278-03:00Afinal, o que é esse tal Comportamento Verbal?<div style="text-align: justify;">
Quem se interessa por estudar Behaviorismo Radical e Análise do Comportamento fatalmente se encontrará com um dos temas mais caros à nossa abordagem, o famoso <b>comportamento verbal</b>. Skinner, paralelamente ao seu interesse de pesquisa sobre os princípios do comportamento como um todo, também era graduado em Letras, e não por acaso também enveredou por esse campo. Sua obra prima sobre o assunto, de mesmo título do conceito, foi duramente criticada mesmo fora do meio psi, sendo conhecida a crítica publicada do lingüista Noam Chomsky – critica nunca respondida formalmente por Skinner e que para muitos ainda representa a pá de cal do cognitivismo sobre o behaviorismo radical, uma espécie de marco da chamada Revolução Cognitiva (Justi e Araújo, 2004).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dentro do próprio campo do Behaviorismo Radical a obra é considerada difícil. Skinner passou anos escrevendo Comportamento Verbal em paralelo a seus outros escritos – o livro teve uma primeira versão em 1934, mas só foi publicado, enfim, em 1957, após várias revisões e cópias já terem circulado no meio acadêmico (Skinner, 1957) e outros livros serem escritos no mesmo período, como Ciência e Comportamento Humano. </div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ayjb5Ckv2myU7c6JTtt0y-gjT9A5LM1LEBzvVXRdtUUoiPUMgL859fCgXwC_vQInVv0aKakVFBaHmj5pOzMuUV9-TxfCdvIKehUhbSFaWlo_f1_AwrfEI1r8MCjMjsWA6H2A7sm7vFIW/s1600/DSCN0148.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="254" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_Ayjb5Ckv2myU7c6JTtt0y-gjT9A5LM1LEBzvVXRdtUUoiPUMgL859fCgXwC_vQInVv0aKakVFBaHmj5pOzMuUV9-TxfCdvIKehUhbSFaWlo_f1_AwrfEI1r8MCjMjsWA6H2A7sm7vFIW/s320/DSCN0148.JPG" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">O rosa-choque da discórdia. (O outro livro não tem relação alguma com ele, ok?)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A linguagem de Comportamento Verbal é truncada e, mais ainda, a tradução do livro para o português não é tida como das melhores – e o livro está esgotado atualmente, fazendo da tarefa de enfim aproximar-se dele e lê-lo um verdadeiro desafio. Além do mais, é uma obra essencialmente teórica. Skinner escreveu baseado em seus estudos do comportamento humano e aplicou princípios básicos que já observara em laboratório ao campo da chamada linguagem, mas estudos experimentais sobre o tema em si vieram apenas depois. Ainda hoje estamos destrinchando as possibilidades de investigação que o livro traz (Hubner, 2011). O próprio Skinner diz:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">“A formulação será eminentemente prática e sugerirá aplicações tecnológicas imediatas. Apesar da ênfase não ser experimental nem estatística, o livro não é propriamente um livro teórico no sentido comum. Ele não recorre a entidades explicativas hipotéticas. O objetivo último é a previsão e o controle do comportamento verbal” (Skinner, 1957, p. 13).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diante desse desafio todo, só nos resta meter a cara nos estudos e perguntar: afinal, que diabos é comportamento verbal? E não, a resposta não é tão simples como parece. Ou é?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">“A categoria ‘comportamento verbal’ é nebulosa, sua definição é pobre em seus limites. A nebulosidade não é um problema, pois sublinha a similaridade entre comportamento verbal e outros comportamentos operantes. Mesmo que parte do nosso comportamento seja claramente não-verbal, e parte possa ser ou não verbal, o conceito de comportamento verbal inclui muito do que fazemos” (Baum, 2006, p. 141).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Descomplicando (ou tentando)...<a name='more'></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Comportamento verbal não é apenas linguagem</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A noção que vem primeiro à cabeça ao pensar em comportamento verbal é a de que seria talvez mais ou menos o mesmo que <i>linguagem</i>, ou talvez, <i>comunicação</i>. No entanto, esses dois conceitos já existiam e tinham significativo corpo teórico, mas para Skinner não haveria nada a se dizer de novo voltando às explicações circulares. Ele teceu críticas à noção de linguagem, e demonstra por que ela não é a mais adequada para explicar o comportamento verbal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">“A linguagem tem um caráter de coisa, algo que a pessoa adquire e possui. Os psicólogos falam em ‘aquisição de linguagem’ por parte da criança. As palavras e as sentenças que compõem uma língua são chamadas instrumentos usados para expressar significados, pensamentos, idéias, proposições, emoções, necessidades, desejos e muitas outras coisas que estão na mente do falante. Uma concepção muito mais produtiva é a de que o comportamento verbal é comportamento” (Skinner, 1974, p. 79).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O comportamento verbal, como operante que é, é definido então em função do contexto em que ocorre e das suas conseqüências. Dizer que comportamento verbal é “uso de linguagem” apenas não nos diz nada sobre relações funcionais. A mesma coisa acontece com o conceito de “comunicação”: dizer que alguém “emite” uma mensagem que depois é decodificada por alguém que “recebe” não ajuda. Isso que é comunicado, onde está? E a linguagem que é usada, onde são guardadas as suas ferramentas? Por isso o caráter mentalista da idéia, que padece então dos mesmos problemas que Skinner apontou na rejeição ao mentalismo no Behaviorismo Radical.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Comportamento verbal não é apenas fala</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O comportamento verbal compreende mais do que o vocal. Por dois motivos principais: primeiro: comportamento vocal apenas pode não ser verbal. Estamos em Dia das Crianças, então nada melhor que um vídeo fofo de criança pra explicar. Veja abaixo:</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://2.gvt0.com/vi/_JmA2ClUvUY/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/_JmA2ClUvUY&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/_JmA2ClUvUY&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Vai que alguém traduz e descobre que eles revelaram o sentido da vida?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os dois bebezinhos estão envolvidos numa conversa animada, pelo jeito. Mais ainda, parecem estar “se comunicando”, já que emitem balbucios parecidos, riem e fazem gestos um para o outro. A princípio, alguém poderia dizer: “mas eles não estão usando palavras, então não é comportamento verbal”. Não é bem por aí. Nosso comportamento verbal não necessariamente é composto topograficamente por palavras, como é o caso da linguagem de sinais e mesmo dos gestos, que, em alguns casos, podem ser considerados comportamento verbal (Baum, 2006).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ok, mas parece que eles estão se entendendo, usando até palavras parecidas. E aí? Pra descomplicar, entra um mediador importante: a cultura. O comportamento verbal é modelado por membros de uma cultura e o ponto-chave na questão vai ser o comportamento do ouvinte no episódio verbal – como ele provê consequências para o falante? Se este tiver sido preparado de forma especial para reagir ao falante pela cultura, então pode-se falar em comportamento verbal (Sério e Andery, 2010).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No caso dos bebezinhos o que parece ocorrer é um momento ainda preliminar ao comportamento verbal. Não existe uma cultura que viva da língua do “dadadada”, e mesmo que existisse não é o caso da cultura deles (que fala inglês). Portanto, eles podem até estar consequenciando a fala um do outro, mas tal comportamento precisará ser modelado para falar com outros – e aí vão entrar pais, o resto da família, a escola e tudo o mais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>E os animais não-humanos que aprendem a falar?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma coisa que sempre dá um nó na ideia clássica de que “a linguagem é um dom humano” são os animais que aprendem a falar, seja por características próprias da espécie (como os papagaios) ou como parte de experimentos (um caso famoso é o do chimpanzé <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Nim_Chimpsky">Nim Chimpsky</a>, que aprendeu 125 sinais da língua americana para surdos e formava pequenas frases com eles). E então, eles se comportam verbalmente?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se formos levar em conta aspectos específicos, nenhum desses casos vai falar do mesmo comportamento verbal que se fala em humanos. Os papagaios, por exemplo, aprendem por imitação dos sons da fala humana, mas não estabelecem uma cultura com os mesmos signos ou palavras entre indivíduos da sua espécie. O mesmo ocorre com os chimpanzés e outros participantes de experimentos como o que citei. Mas, interpretando a grosso modo o que define o comportamento verbal, animais que fazem sinais ou emitem vocalizações uns para os outros e são reforçados por isso de alguma forma podem estar emitindo comportamentos verbais – incluindo aí a “fala” dos golfinhos, por exemplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: x-small;">"Tais indefinições são fruto do fato de que comportamento verbal é comportamento, e todas as espécies se comportam, tendo elementos comuns nisso. Podemos até ter um tipo especial de comportamento verbal, mas a proximidade deste com o comportamento aprendido por outras espécies só reitera o fato de que, pensando evolutivamente, “os seres humanos são apenas uma espécie entre muitas [...], e não se acham separados dos ‘animais’ por uma barreira insuperável. A ênfase da análise do comportamento se afasta de distinções baseadas no fato de se pertencer a esta ou aquela espécie, e se volta para distinções baseadas nas relações entre comportamento e ambiente [...]" (Baum, 2006, p. 144).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Então, qual a importância de se definir o comportamento verbal?</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vendo que o comportamento verbal afinal não é algo assim tão diferente do comportamento em si como se pode pensar a princípio, fica a pergunta – por que, então, estudar especificamente este tópico?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Skinner aponta, já nas primeiras páginas do Comportamento Verbal, que este é mais um comportamento operante e que portanto pode e deve ser estudado com base no que já é conhecido sobre este. No entanto, o comportamento verbal tem características que merecem ser cuidadosamente estudadas – afeta o ambiente de forma indireta, não necessariamente mecânica (posso pedir a alguém um copo de água, sem ter de ir pegar eu mesma, por exemplo), ao afetar outros indivíduos da nossa espécie e mesmo a nós mesmos de forma especial (e aí temos o pensamento, a transmissão de conhecimentos, regras e valores de uma cultura, enfim, um mundão de coisas). Assim, fica difícil não entender a importância do estudo do comportamento verbal, e, mais ainda, a legitimidade do esforço do Skinner e dos que vieram depois dele ao colocar o comportamento verbal no campo da psicologia (Sério e Andery, 2010).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A definição se torna importante não por si – não é o caso de criar novos conceitos de forma indiscriminada ou colocar a linguagem num outro patamar, destacado e especial, como o Skinner viveu relembrando –, mas sim se acercar de um campo vastíssimo ainda a ser explorado e melhor compreendido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(Texto originalmente publicado por mim no <a href="http://www.comportese.com/search/label/Aline%20Couto" target="_blank">Comporte-se</a>)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: x-small;">Referências</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Baum, W. M. (2006). Comportamento verbal e linguagem. In: ____ <i>Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução</i>. Porto Alegre: Artmed, pp. 135-163.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Hubner, M. M. (2011). <i>Meio século do livro Verbal Behavior de B.F. Skinner: contribuições à compreensão da criatividade e genialidade humana.</i> Comunicação oral apresentada na VII Jornada de Análise do Comportamento de Salvador.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Justi, F. R. dos R. & Araújo, S. de F. (2004). Uma avaliação das críticas de Chomsky ao Verbal Behavior à luz das réplicas behavioristas. <i>Psicologia: Teoria e Pesquisa</i>, vol. 20, nº 3, pp. 267-274.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Sério, T. M. de A. P. & Andery, M. A. (2010). Comportamento verbal. In: Sério, T. M. et al. <i>Controle de estímulos e comportamento operante: uma (nova) introdução. </i>São Paulo: Educ, pp. 129-151.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Skinner, B. F. (1957). <i>Comportamento verbal. </i>São Paulo: Cultrix.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Skinner, B. F. (1974). O comportamento verbal. In: _____ <i>Sobre o behaviorismo</i>. São Paulo: Cultrix, pp. 79-89.</span></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-56857018054100656472012-09-22T11:42:00.002-03:002012-09-22T11:42:49.650-03:00De dar água na boca<div style="text-align: justify;">
Acho que se o Pavlov tivesse virado vendedor de cachorro-quente ele seria mais querido na Psicologia do que é hoje, coitado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBBv0id8JUlaj0hOfbhb5ZsRdDjKk_P6wMQHHkrriWyzOszyCLNW144dhCkUwPh_Di3dX7g_NqH-APQqD5jxIpljamDYzXE-onks-wJMbiMUyh7jPLx29ck342mfAFQssh1P4QJu7GA9Dd/s1600/409143_276810675706025_223799467673813_722030_943855689_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBBv0id8JUlaj0hOfbhb5ZsRdDjKk_P6wMQHHkrriWyzOszyCLNW144dhCkUwPh_Di3dX7g_NqH-APQqD5jxIpljamDYzXE-onks-wJMbiMUyh7jPLx29ck342mfAFQssh1P4QJu7GA9Dd/s400/409143_276810675706025_223799467673813_722030_943855689_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-25747944417868869502012-09-03T20:37:00.001-03:002012-09-03T20:40:54.165-03:00Reportagem do Saia Justa sobre o "New Behaviorismo". Ma che?<div style="text-align: justify;">
O programa <a href="http://globotv.globo.com/gnt/saia-justa/" target="_blank">Saia Justa</a> veiculou uma reportagem sobre um tal "<b>New Behaviorismo</b>". Depois de apresentar porcamente o que seria o behaviorismo - vide vídeo abaixo, nem vou falar muito -, Lúcia Guimarães, a apresentadora com fumaças de psicóloga, diz que as pessoas estão voltando a tentar se conformar aos padrões, como o que o behaviorismo teria tentado fazer. Daí vem o conceito de "desemperramento" da entrevistada <a href="http://www.sypartners.com/we/leaders-bios/susan-schuman/" target="_blank">Susan Schuman</a>, e mais um monte de bobagens auto-ajuda em que confesso que prestei pouca atenção. (Ela nem fala de behaviorismo em si - e não me parece que fala recorrentemente sobre isso, mas fala dos arquétipos, nem sei se junguianos ou o que diabos ela tá tentando dizer - enfim, o problema é outro).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLGp2WPYxqPVxPRMBQiL0InQGcQO0zIU6M_yho8Q0JVHTOA2dWeu9mLjunJ5VLtf3dsxSoWM1pv8-j-x0dtehdQuBpvz7mQc0CJQrGHMocf_NOVgy33ADpyFTRWS11SW1EHb8Ao66q7ZCg/s1600/medorato.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLGp2WPYxqPVxPRMBQiL0InQGcQO0zIU6M_yho8Q0JVHTOA2dWeu9mLjunJ5VLtf3dsxSoWM1pv8-j-x0dtehdQuBpvz7mQc0CJQrGHMocf_NOVgy33ADpyFTRWS11SW1EHb8Ao66q7ZCg/s320/medorato.gif" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Behavioristas radicais, estes seres temíveis.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com os erros do começo já deu pra ir se indignando e mandando uma cartinha amigável pro GNT. Segue o link do vídeo <a href="http://globotv.globo.com/gnt/saia-justa/v/new-behaviorismo/2067314/" target="_blank">aqui</a> e a nota que enviei para o Saia Justa:</div>
<a name='more'></a><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Gostaria de tecer alguns comentários sobre a reportagem do
Saia Justa intitulada "New Behaviorismo", trazendo uma entrevista com
Susan Schuman, sobre o método endossado por esta.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>A introdução traz uma crítica ao Behaviorismo Radical, no
entanto numa concepção que recicla preconceitos e comete erros básicos quanto à
teoria. A começar, o filme "Laranja Mecânica" não faz referência ao
behaviorismo radical no tratamento dispensado à Alex, e sim à reflexologia do
fisiólogo russo Ivan Pavlov. Este ganhou um prêmio Nobel pela descoberta dos
reflexos condicionados, e nunca foi psicólogo, nem delineou aplicações do seu
trabalho para a psicologia. (A referência infelizmente errônea ao trabalho de
Pavlov é clara quando se leva em conta o nome e o sotaque russo do terapeuta,
Dr. Brodsky).</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Os trabalhos de Pavlov posteriormente influenciaram a
psicologia, especialmente a escola behaviorista. Skinner, ao contrário do que
foi mencionado, não foi "defensor" e sim fundador do chamado
behaviorismo radical. A palavra "radical" não se refere a um
"radicalismo" pueril como o termo pode sugerir, mas sim à
"raiz" dos comportamentos: ele se interessou por saber o que nos faz
aprender e modifica nossa conduta, incluindo aí considerações sobre a forma
como pensamos, nossas percepções e preferências, nossas práticas éticas,
culturais e políticas, e denunciou as formas de controle sob as quais nossos
comportamentos estão, sem que nos demos conta. Entre estes, formas de controle
autoritário como as que são repudiadas pela reportagem. Skinner era contra
formas aversivas de controle como as mostradas no filme e reiterou isso em
diversos livros: a saber, Ciência e Comportamento Humano, Walden II e Beyond
Freedom & Dignity (no Brasil, "O Mito da Liberdade", título
parcamente traduzido).</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>A teoria behaviorista radical é responsável por grandes
avanços na terapia comportamental, na psicologia da educação etc. É reconhecida
internacionalmente no tratamento a autistas e pessoas com dificuldades de
desenvolvimento. É triste ver a teoria reduzida a preconceitos levianos por uma
reportagem que se propõe a apresentar mais uma leva de conceitos de auto-ajuda
sem respaldo científico algum para lidar com problemas com os quais o
behaviorismo já aplica o método científico com rigor há décadas. Por isso,
expresso meu pesar e fico à disposição para indicar profissionais e associações
que podem apresentar a teoria behaviorista aos espectadores.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Att., </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i>Aline G. Couto - Psicóloga pela UFBA</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu ia escrever bem mais coisa, citar a <a href="http://abpmc.org.br/site/" target="_blank">ABPMC</a> e me apresentar direito, mas infelizmente o formulário que disponibilizam pra enviar contato tem limite de caracteres e não coube. Enfim, quem tiver a fim de encher o saco também, <a href="http://gnt.globo.com/saiajusta/index.fale_shtml.shtml" target="_blank">este é o formulário</a>.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não sou de me indignar com esse tipo de bobagem que costumam falar sobre behaviorismo radical. Quem me conhece sabe que só dou risada e deixo passar. Mas é complicado. A gente vive sob ataque e quem tem consultório ou conversa com alguém tem de falar em behaviorismo "quase pedindo desculpas", como disse a Maly Delitti num curso que fiz uma vez. Mães deixam de levar os filhos autistas à terapia ABA porque ouvem as coisas mais cabeludas sobre a psicologia comportamental. Fora a resistência do meio psi, que contribui pra ir prolongando <i>ad aeternum</i> a pecha de malvados, frios, mecanicistas e positivistas sem coração.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não custa tentar esclarecer as coisas de vez em quando. Efeito pode ser que não haja nenhum, mas não tentar também não deve ajudar. VAI PLANETA!</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-82814485235959478012012-09-02T11:27:00.002-03:002012-09-02T11:35:54.214-03:00[Tirinha] Savage Chickens - Como curar a sua aracnofobia utilizando a dessensibilização sistemática<br />
<div style="text-align: justify;">
O <a href="http://www.savagechickens.com/" target="_blank">Savage Chickens</a> é um site de tirinhas desenhadas em post-its pelo seu criador, Doug Savage. O site inteiro é muito bom, mas ele tem várias tirinhas em que aborda temas relacionados à <a href="http://www.savagechickens.com/tag/psychology/" target="_blank">psicologia</a>, que me fazem rir mais ainda. Some english is needed, mas vale a pena conferir sempre.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tirinha mais acessada do site é sobre dessensibilização sistemática, mas com uns passinhos a mais, um pouco diferentes do que o pessoal da modificação de comportamento conhece.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4PpESktOS1zxxwpOCiDsNOc87EH7EZnvqmiCQJEmTYuXAANjiDdquTT8vb1Uo4wY5rqSviEnVrufMysUiFinrkQyfzGlSJRhBrClbGxK9mDoLevShHfncLXIoVgXJByHu6ltUXrDJjuPc/s1600/chickenarachno.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4PpESktOS1zxxwpOCiDsNOc87EH7EZnvqmiCQJEmTYuXAANjiDdquTT8vb1Uo4wY5rqSviEnVrufMysUiFinrkQyfzGlSJRhBrClbGxK9mDoLevShHfncLXIoVgXJByHu6ltUXrDJjuPc/s1600/chickenarachno.jpg" /></a></div>
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(original <a href="http://www.savagechickens.com/2011/08/how-to-cure-your-arachnophobia.html" target="_blank">aqui</a>)</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-88337975845260481312012-08-13T13:28:00.001-03:002012-09-10T22:51:32.862-03:00Boteco Behaviorista #1 - Expectativas para a XXI ABPMC<div style="text-align: justify;">
O Google Hangout é uma ferramenta que permite realizar bate-papos entre pessoas por vídeo. Ontem, eu e mais uma galera de behavioristas de diferentes pontos do país nos utilizamos dessa ferramenta muito legal para o primeiro <b>Boteco Behaviorista</b>. A ideia é fazermos uma espécie de videocast debatendo temas comuns de Análise do Comportamento, que pode inclusive ser acompanhado ao vivo.</div>
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O tema do primeiro hangout foi "<b>Expectativas para o XXI Encontro da ABPMC</b>". Era um teste pra gente ver se ia dar certo - pretendemos nos organizar melhor nos próximos pra falar de temas teóricos, inclusive, e avisar com antecedência quando vai rolar. Daí, falamos sobre o que estamos querendo ver no Encontro, sobre apresentações que serão feitas, e claro, sobre as festinhas que irão acontecer; mas saiu de tudo, desde descobertas de trabalhos acadêmicos com referência da Desciclopédia até comentários sobre os eventos passados.</div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/BAegSYdK0VY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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<span style="font-size: x-small;">Enquanto uns guardam grana pro Lollapalooza a gente investe na nossa Convenção das Bruxas</span></div>
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Os participantes desse hangout fomos eu, o Cesar A. A. Rocha, o Esequias Neto (meu chefe do <a href="http://www.comportese.com/" target="_blank">Comporte-se</a>), o Felipe Epaminondas (do <a href="http://scienceblogs.com.br/psicologico/" target="_blank">Psicológico</a>), o Marcelo Souza e a Natalie Brito (meus companheiros de Comporte-se também) e o Nicolas Rossger. Como dito no vídeo, pretendemos convidar novas pessoas a cada encontro, além de figurões da Análise do Comportamento, pra debater com a gente. Fiquem de olho, que daí vai sair coisa legal :)<br />
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Página no Facebook pra acompanhar: <a href="https://www.facebook.com/BotecoBehaviorista">https://www.facebook.com/BotecoBehaviorista</a></div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-91413962352574601922012-08-09T21:33:00.004-03:002012-09-09T23:19:32.325-03:00Jan Luiz Leonardi falando sobre TDAH na TV Gazeta<div style="text-align: justify;">
Ocorre a maior polêmica sobre TDAH existir enquanto categoria psicopatológica bem definida ou não. Eu vou me abster de dizer o que eu acho (um dia escrevo sobre isso, prometo), mas enquanto isso, vem se falando muito a respeito desse assunto.
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O analista do comportamento Jan Luiz Leonardi deu uma entrevista no mês passado sobre <b>Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade</b> para o programa Mulheres, da TV Gazeta. Como é raro ver um psicólogo se expressando bem e falando de comportamento sem falar bobagem, achei massa e resolvi postar aqui. </div>
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<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/vavzzEValhE?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
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Jan aponta aspectos importantes do novo transtorno-modinha (já foi o stress, depois a bipolaridade, depois depressão, agora todo mundo tem TDAH): quando se preocupar, o que é o tratamento, qual é a da famosa Ritalina, quais os sinais mais frequentes etc. e marcou uma coisa fundamental: só vale falar em transtorno quando a coisa interfere na vida do sujeito, atrapalha, prejudica a interação com o mundo.</div>
Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8083853718545902762.post-67146284841384945532012-08-09T21:23:00.000-03:002012-08-09T21:23:08.966-03:00V Jornada de Análise do Comportamento de Jundiaí/SP<div style="text-align: justify;">
A <b>Jornada de Análise do Comportamento de Jundiaí</b> (JAC Jundiaí), promovida pela UniAnchieta, entra na sua <b>quinta edição</b> este ano. A JAC ocorre no dia <b>06 de outubro</b> e, apesar de ser um diazinho só, conta com temas variados e profissionais de renome na programação - como a equipe do Núcleo Paradigma, Roberto Banaco, Denis Zamignani e Yara Nico, a profa. Martha Hübner, o prof. Robson Faggiani e vários outros.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAKxRHIbYJZ9IcddD2e6eYbSugV2O8IGcpQxK7qZMabsnQBeZQblNC8r9oxjc_DEOkQL2WLl-Ybo4nYd-bJ2tBMe-k0EySHtRtJeX6ZFYVCOYQX4oCj5CVS-z2cwlS_8P7sOIS8t8pvwZS/s1600/Foto+do+Evento+no+Facebook.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="203" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAKxRHIbYJZ9IcddD2e6eYbSugV2O8IGcpQxK7qZMabsnQBeZQblNC8r9oxjc_DEOkQL2WLl-Ybo4nYd-bJ2tBMe-k0EySHtRtJeX6ZFYVCOYQX4oCj5CVS-z2cwlS_8P7sOIS8t8pvwZS/s320/Foto+do+Evento+no+Facebook.png" width="320" /></a></div>
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Quem puder ir, vale a pena. O evento ainda vai contar com uma campanha para arrecadação de alimentos para doação em Jundiaí e uma premiação para os melhores painéis apresentados. Mais informações em <a href="http://jacjundiai.blogspot.com.br/">http://jacjundiai.blogspot.com.br/</a></div>Alinehttp://www.blogger.com/profile/02045665372012178612noreply@blogger.com0