domingo, 16 de outubro de 2011

História da Análise do Comportamento no Brasil

A Análise do Comportamento teve como marco inicial no Brasil a vinda do Prof. Fred S. Keller, no ano de 1961. Keller foi colega de B. F. Skinner e, junto com este, um dos primeiros teóricos behavioristas radicais (Matos, 1998) e autor, junto com William N. Schoenfeld, de um dos clássicos da abordagem, o Princípios de Psicologia, nos anos 1950.

 Prof. Keller

Em 1959, uma misteriosa aluna da USP chamada Mirtes Rodrigues do Prado (até hoje, ninguém sabe direito quem era ela - se você souber, corre e manda uma mensagem pra ABPMC...), que havia sido aluna de Keller na Universidade de Columbia, gostou das aulas do professor e teve a ideia de convidá-lo para vir ao Brasil. Em 1961 o convite foi formalizado pelo Prof. Paulo Sawaya, diretor da FFCLH-USP (Matos, 1998). Entre os que o recepcionaram, estava a Prof. Carolina Bori, que vem a ser uma das mais importantes divulgadoras da AC no país num período posterior. Tudo quase que por acaso.
Fred tinha um sabático para gozar no ano de 1961. Ele falou sobre isso com uma estudante e ela deu essa informação, no Brasil, para o reitor Paulo Sawaya. Para surpresa de Fred, ele recebeu um telegrama do reitor convidando-o para passar seu ano sabático na Universidade de São Paulo. Esse foi o começo das coisas que mudaram nossa vida para sempre (Frances Keller, 2001)

sábado, 8 de outubro de 2011

O diagnóstico em análise comportamental e o papel da Análise Funcional

Uma diferença que se nota da clínica em Análise do Comportamento para a de outras abordagens da Psicologia é que ela não se utiliza de um sistema classificatório nosológico - como na Psicanálise, onde se atribui no fim da análise uma estrutura neurótica, psicótica ou perversa (com possíveis variações dentro destes quadros) ao indivíduo, ou na Psiquiatria, que classifica perturbações psicológicas de acordo com o DSM (Diagnostical and Statistical Manual of Mental Disorders, atualmente na quarta edição revista) e serve como apoio para outras linhas da clínica como a Terapia Cognitiva.

Tais sistemas não costumam ser usados porque não auxiliam o analista do comportamento nem no trabalho de investigação do histórico do paciente, nem no direcionamento do tratamento. Muitas vezes, a classificação de um cliente de acordo com uma lista de sintomas apenas irá obscurecer os dados mais importantes do caso. Portanto, usá-los, além de pouco útil, será talvez contraproducente.


Para usar um exemplo: alguém com depressão não se limita a apresentar os sintomas clássicos na frequência estabelecida pelo manual e, mais ainda, provavelmente as causas da sua condição atual são diferentes das causas da condição de uma outra pessoa com o mesmo diagnóstico. Talvez sua depressão se manifeste mais em alguns dias, em algumas situações, com algumas pessoas, e talvez até ela se sinta feliz em alguns outros dias, com algumas pessoas e fazendo algumas coisas. A classificação, sozinha, não dirá muita coisa. 

As classificações nosológicas podem até ser usadas como forma de diálogo com outras áreas, mas o instrumento de trabalho usado pelo analista do comportamento para identificar o que deve ser tratado na clínica e dar forma ao caso é a análise funcional (Meyer, 2003; Torós, 1997) ou análise de contingências (Ulian, 2007).