sábado, 13 de outubro de 2012

Afinal, o que é esse tal Comportamento Verbal?

Quem se interessa por estudar Behaviorismo Radical e Análise do Comportamento fatalmente se encontrará com um dos temas mais caros à nossa abordagem, o famoso comportamento verbal. Skinner, paralelamente ao seu interesse de pesquisa sobre os princípios do comportamento como um todo, também era graduado em Letras, e não por acaso também enveredou por esse campo. Sua obra prima sobre o assunto, de mesmo título do conceito, foi duramente criticada mesmo fora do meio psi, sendo conhecida a crítica publicada do lingüista Noam Chomsky – critica nunca respondida formalmente por Skinner e que para muitos ainda representa a pá de cal do cognitivismo sobre o behaviorismo radical, uma espécie de marco da chamada Revolução Cognitiva (Justi e Araújo, 2004).

Dentro do próprio campo do Behaviorismo Radical a obra é considerada difícil. Skinner passou anos escrevendo Comportamento Verbal em paralelo a seus outros escritos – o livro teve uma primeira versão em 1934, mas só foi publicado, enfim, em 1957, após várias revisões e cópias já terem circulado no meio acadêmico (Skinner, 1957) e outros livros serem escritos no mesmo período, como Ciência e Comportamento Humano. 

O rosa-choque da discórdia. (O outro livro não tem relação alguma com ele, ok?)

A linguagem de Comportamento Verbal é truncada e, mais ainda, a tradução do livro para o português não é tida como das melhores – e o livro está esgotado atualmente, fazendo da tarefa de enfim aproximar-se dele e lê-lo um verdadeiro desafio. Além do mais, é uma obra essencialmente teórica. Skinner escreveu baseado em seus estudos do comportamento humano e aplicou princípios básicos que já observara em laboratório ao campo da chamada linguagem, mas estudos experimentais sobre o tema em si vieram apenas depois. Ainda hoje estamos destrinchando as possibilidades de investigação que o livro traz (Hubner, 2011). O próprio Skinner diz:

“A formulação será eminentemente prática e sugerirá aplicações tecnológicas imediatas. Apesar da ênfase não ser experimental nem estatística, o livro não é propriamente um livro teórico no sentido comum. Ele não recorre a entidades explicativas hipotéticas. O objetivo último é a previsão e o controle do comportamento verbal” (Skinner, 1957, p. 13).

Diante desse desafio todo, só nos resta meter a cara nos estudos e perguntar: afinal, que diabos é comportamento verbal? E não, a resposta não é tão simples como parece. Ou é?

“A categoria ‘comportamento verbal’ é nebulosa, sua definição é pobre em seus limites. A nebulosidade não é um problema, pois sublinha a similaridade entre comportamento verbal e outros comportamentos operantes. Mesmo que parte do nosso comportamento seja claramente não-verbal, e parte possa ser ou não verbal, o conceito de comportamento verbal inclui muito do que fazemos” (Baum, 2006, p. 141).

Descomplicando (ou tentando)...