domingo, 28 de agosto de 2011

Palestras - Projeto ABPMC Comunidade

Um ciclo de palestras do Projeto ABPMC Comunidade, pela primeira vez aqui em Salvador-BA, terá lugar nos dias 8 e 9 de setembro. Vale destacar que são palestras gratuitas e abertas a todos os interessados nos temas, não sendo necessariamente voltadas a psicólogos. Então vale chamar todo mundo. Participem! :)


O que religião significa para mim - B. F. Skinner

Skinner, ao contrário de Freud - que se dedicou em algumas passagens dos seus escritos a atacar frontalmente a crença em Deus -, não escreveu tanto sobre este assunto. Nos seus textos há um posicionamento, em geral, contra instituições autoritárias que interferem na vida humana exercendo formas de controle alienante, sendo aí incluídas instituições religiosas. No entanto, ele não se preocupou em falar tão diretamente sobre Deus quanto se pode imaginar, pela forma como defendeu a ciência durante toda a vida.

Com isso, me interessei bastante ao pôr as mãos sobre um texto do autor sobre o assunto, intitulado "What Religion Means to Me", datado provavelmente de 1986. Não encontrei menções oficiais sobre o texto - quando foi publicado, se foi publicado, se foi resultado de uma fala informal ou apenas um escrito avulso do Skinner. Portanto, não posso afirmar a veracidade do texto, embora ele circule na internet já há algum tempo.

O texto traz a visão de um Skinner já nos seus últimos anos de vida sobre a sua relação com a religião. Traduzi o texto e ele está disponível na íntegra nas próximas linhas. Não sou nenhuma exímia tradutora, então, disponibilizo também o original no fim do post para aqueles que desejarem ler.


domingo, 21 de agosto de 2011

Os evolucionistas também amam...


"Eu selecionei você. Naturalmente!"

Quis escrever um texto só pra acompanhar essa pérola do romantismo. Mas a imagem fala por si. Que mais posso eu dizer do amor? ♥

sábado, 20 de agosto de 2011

[Re-post] Discutindo a adesão a tratamentos: estudo contesta a eficácia do AA



Nesta semana, teve destaque na mídia uma pesquisa feita por uma equipe da Unifesp contestando a eficácia do tratamento contra o alcoolismo promovido pelo grupo dos Alcoólicos Anônimos (AA), muito conhecido no Brasil e iniciado nos Estados Unidos.

Os resultados da pesquisa mostraram que a taxa de abstinência dos freqüentadores do AA é de apenas 9% após seis meses de tratamento, em comparação com uma taxa de 10% entre aqueles que fazem tratamento medicamentoso e 36% entre aqueles que fazem tratamento medicamentoso combinado com terapia. Entre os motivos para a falta de adaptação, estariam a pouca identificação com a filosofia de tratamento do AA, o clima do grupo e mesmo uma certa “demagogia” (veja aqui). Alguns psiquiatras e representantes do AA, após a divulgação da pesquisa, já vieram a público contestar os resultados (aqui).




O estudo em questão trouxe à tona um tema bastante discutido na literatura de saúde, que é a adesão ao tratamento. Por que será que algumas pessoas aderem com tanta facilidade ao tratamento, seja ele farmacológico, terapêutico, psicológico, etc., e outras não conseguem levá-lo adiante?

sábado, 13 de agosto de 2011

O que é a motivação? (Ou: "Por que a galinha atravessou a rua?")

Um tema recorrente e de importância central na Psicologia é o da motivação. A pergunta que todo estudante já se fez é: por que fazemos o que fazemos? Todas as teorias psicológicas, desde as mais abrangentes até as microteorias, buscam responder a isso de algum modo. Cada uma irá trazer explicações diferentes para o que irá motivar os mais variados tipos de atitudes, interesses, desejos e comportamentos humanos.

A maioria das teorias irá localizar a “verdadeira motivação humana” dentro do indivíduo. Sejam quais forem os motivos que nos levam a fazer algo, geralmente são atribuídos a algo não-observável, intrínseco, que reflete no que fazemos. Com isto, a motivação seria algo difícil de mensurar e observar. Daí, provavelmente, vem a variedade de teorizações que versam sobre ela e tentam defini-la.

Pode-se fazer um paralelo com a velha piadinha do “por que a galinha atravessou a rua?”. A depender da teoria, existem diferentes respostas para essa pergunta. Um psicólogo, ao observar o fenômeno, poderia responder que a galinha tem um instinto de atravessar a rua quando a vê. Outro, que a galinha atravessou a rua porque estabeleceu uma meta que para ser cumprida envolvia chegar ao outro lado. Outro, que a galinha chegou ao outro lado por ter um desejo de algo que lá estava, impulsionado por forças psíquicas em seu inconsciente. Mais ainda, vai que a galinha viu os seus pintinhos do outro lado da rua e atravessou para encontrá-los por ter uma forte necessidade de afiliação.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

[Tirinha] Psicologia em São Lázaro

Estudante de faculdade pública sofre com certas coisas. Psicologia, então, nem se fala. Historicamente, é um curso bem "deixado de lado" - curso de humanas que não gera produtos vendáveis (não cria novos remédiosempresas gigantescas, bombas nucleares nem máquinas mortíferas em geral). Geralmente, a estrutura é precária.

Meu curso é um bom exemplo disso. Não temos laboratório de psicologia experimental, nem uma sede para chamar de nossa (o curso está alocado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, mas não mais pertence a esta) e o serviço de Psicologia tem lugar num prédio pré-moldado que cai aos pedaços desde muito antes de eu começar meus "estudos da alma". A FFCH, por sua vez, fica no campus mais isolado da faculdade e, honrando o apelido de São Lázaro (que tem uma história mais complexa, a se contar quem sabe outro dia), abriga vários cachorrinhos que lá são abandonados. Isso quando não aparecem, como já ocorreu, outros animais perdidos para assistir as aulas com a gente (cobras, carneiros, galinhas, e o famoso cavalo).

Como é rir pra não chorar, uma amiga minha, Inis, e eu tivemos o ~insight~ (adoro essa palavra: ~insight~) da tirinha abaixo.



Piada muito explicada perde a graça, até porque só quem estuda lá vai captar a idéia. Mas já vale a intenção. :P

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

[Re-post] Método experimental e método não-experimental


Nas ciências do comportamento, procuramos definir relações entre variáveis. Variável é um evento, situação ou comportamento que possa assumir pelo menos dois valores, que podem ser numéricos ou categóricos.

Um exemplo do primeiro tipo é o desempenho num teste de memória, no qual um número x de acertos corresponderá ao valor da variável em questão. Um exemplo do segundo tipo é o sexo/gênero, não definido como um valor mensurável maior ou menor quanto à magnitude – pode ser apenas definido como masculino ou feminino.

Relações entre variáveis são as formas pelas quais mudanças nos valores de uma variável, definida como variável independente (VI), irão afetar/modificar os valores de outra variável, definida como variável dependente (VD). De forma geral, quatro formas descrevem essas relações: linear positiva, linear negativa, curvilinear e, por fim, a ausência de relação entre variáveis.

Quando o aumento no valor da VI é seguido de um aumento na VD, temos uma relação linear positiva. Quando o aumento na VI é seguido de uma diminuição no valor da VD, temos uma relação linear negativa. Na relação curvilinear, aumentos na VI podem acarretar tanto em diminuição como em aumento na VD – o sentido da relação se modifica pelo menos uma vez. Por fim, na ausência de relação, mudanças na VI não acarretarão mudanças na VD*.


Da esq. para a dir.: relação linear positiva, relação linear negativa e ausência de relação entre variáveis



Exemplo de relação curvilinear entre variáveis

terça-feira, 9 de agosto de 2011

[Re-post] Entrevista com a profª. Martha Hübner

Fiquei toda feliz de entrar no novo site da ABPMC nessa semana e ver minha entrevista com a profª. Martha Hübner, presidente da associação, na página principal. É, eu cheguei atrasada, a entrevista está lá desde junho, mas fiquei feliz tardiamente mesmo assim.

Entrevistei a professora por ocasião da VII JAC Salvador, para o Comporte-se. Além de referência na Análise do Comportamento no Brasil e no mundo, a Martha é uma fofa. :) Foi muito prazeroso poder conversar um pouco com ela, e muito instrutivo também.

Pra quem não conferiu lá no Comporte-se, a entrevista está na íntegra aqui.

(Me fez lembrar que infelizmente perdi todas as fotos do evento. :( No meu leito de morte espero poder vê-las recuperadas da câmera de Inis, hehe).

domingo, 7 de agosto de 2011

Skinner e as viseiras de burro

Meu blog se chama Behaviorist Lady, eu ando com uma camiseta da ABPMC por aí e faço parte da tchurminha conhecida como "a comportamentalista" da faculdade. Já ouvi de muitos que adotar uma teoria tão ostensivamente, ainda mais uma calcada praticamente numa figura só, é preocupante por incorrer num possível dogmatismo e uma certa "cegueira teórica". A teoria behaviorista radical, então, vive apanhando de todo lado: seus defensores passam sempre por chatos já que vão contra um monte de coisas bem estabelecidas na Psicologia. Se é com os psicanalistas, brigam, entre outras coisas, pelo status de ciência da Psicologia. Se é com os cognitivistas, brigam por causa da adoção do mentalismo. De outras abordagens diversas, ganhamos a pecha de reducionistas, mecanicistas, positivistas, nazistas, eugenistas, torturadores de animais FDP, etc. Na maioria das vezes alguns desses termos são usados até erroneamente, mas essa é uma outra história.

Pior ainda quando até o plano de fundo do seu celular é piadinha de analista do comportamento...

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Religião e sociedade - #EmDefesadoEstadoLaico

Nesta semana, o Livres Pensadores lançou a campanha Em Defesa do Estado Laico. Os internautas foram convocados a se manifestar sobre esse tema - o tal Estado Laico que existe, afinal de contas, tão virtualmente quanto esta blogueira que vos fala.


Qualquer um que pare pra pensar por mais de cinco minutos sabe que Estado Laico de cu é rola. Não existe essa proclamada laicidade e não existe liberdade de crença no Brasil. Crenças religiosas que não são compartilhadas por todos acabam ditando até onde a liberdade de todos os cidadãos de um país pode ir.

Legislação do aborto e das políticas em relação à sexualidade são os temas mais óbvios quando se vai pensar nisso. Há anos e anos a discussão sobre tais esferas emperra quando se aproxima da crença de uns e outros. Uma mulher pode ser obrigada a carregar um filho na barriga por nove meses, mesmo sabendo que ele morrerá logo após o nascimento. Um casal pode viver junto por anos e construir patrimônio em conjunto, para que depois sua união não seja reconhecida e o dinheiro vá para outros que muitas vezes fizeram parte da banda que discriminou.

No entanto, existem outras nuances. Religiões gozam de privilégios fiscais e recebem incentivos do governo, que não são estendidos nem a todos os cidadãos, nem a todas as religiões. E todos esses acontecem sem muito alarde, por debaixo do pano. Algumas são favorecidas enquanto outras chegam a ser perseguidas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

[Vídeo] A Psicologia e a Bíblia

Algum tempo atrás, quando eu ainda flertava com a Psicanálise, sempre que passava pelo templo da Igreja Universal do Reino de Deus aqui de Salvador - gigantesco, por sinal -, meu ex-namorado brincava comigo: "Olha aí os seus concorrentes!". Obviamente ele estava me sacaneando, mas me incomodava às vezes perceber que ele estava certo. Em muito, o trabalho de igrejas se confunde com certos tipos de trabalhos que certos psicólogos fazem. "Ajuda", "compreensão", "desenvolvimento da auto-estima", e para alguns, até "cura de males físicos e espirituais".

Em alguns pontos, é bem difícil separar algumas abordagens psicológicas de uma religião. Muitas são pautadas na autoridade dos seus criadores, tornando tudo o que falam verdade, contanto que seja dito de uma forma poética e encantadora. Críticos são expulsos e o desenvolvimento de novas teorias depende quase que exclusivamente de momentos de epifania de uns e outros.

Diante dessa bagunça que é a Psicologia, não me impressionou nem um pouco ver um vídeo como esse e concluir que, infelizmente, em algumas coisas o cara está falando a verdade.